Esse artigo faz parte da revista Clube Delphi Edição 90. Clique aqui para ler todos os artigos desta edição

lidade na adequação dos sistemas para as necessidades dos usuários.

Agora você pode estar se perguntando, por onde começo?  A primeira coisa a se fazer é pensar que seu software é composto por camadas e não apenas por formulários, relatórios e um banco de dados. Vamos explorar um pouco as camadas que um sistema pode ter.

Camadas

Em um sistema com boa arquitetura encontramos algumas divisões lógicas que visam facilitar a manutenção e adição de novos recursos. Essas camadas podem ser vistas na Figura 1.

 

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Figura 1. Camadas lógicas de um software

 

Para tornar a explicação sobre as camadas mais intuitiva quero que imagine seu sistema. Com toda certeza nele você possui um formulário de cadastro.  O seu formulário representa a camada de apresentação do seu sistema, isto porque é nela que os dados são apresentados. Se seu sistema é cliente/servidor, a sua camada de domínio, de base dados e até mesmo serviços podem ser representadas pelos  Data Modules existentes e seus componentes de acesso ao banco de dados. Por último temos a camada global que pode ser representada pelo seu conjunto de funções e procedimentos públicos.

Continuando com o paralelo a um sistema comum, desenvolvido por um programador Delphi,  nos formulários nós fazemos acesso direto aos Data Modules, aos ClientDataSets, geramos SQL, tudo sem preocupação alguma, ou seja, nós misturamos o que seriam nossas camadas sendo que o correto é separar as camadas.

Quando essas camadas se misturam é dito que existe um acoplamento entre elas. No momento que você insere código SQL em evento OnClick de um botão o acoplamento foi realizado. Seu formulário que é sua camada de apresentação, está fazendo acesso direto aos recursos do que seria sua camada de dados. Isso impede a reutilização da lógica contida no formulário. Tudo isso dificulta a manutenção do seu sistema porque você terá SQL espalhado por todo código e não apenas centralizado em uma área.

Outra prática que é muito comum é de se criar os eventos e dentro deles escrever um código tão longo que para entender o que está sendo feito é quase como ler um livro. Consequentemente a rotina ali dentro poderia ser quebrada em classes ou funções.

Quando uma rotina faz mais do que foi projetada a fazer é dito que existe uma baixa coesão nela. A baixa coesão é outro problema para a boa manutenção do seu software. Então, como podemos separar as camadas sem, contudo uni-las? Pensando nessa solução alguns arquitetos de software criaram os padrões de projeto. Os padrões são de uma forma simplificada, como uma receita de bolo a ser seguida. Eles expõem o problema e mostram como solucioná-lo.

O problema apresentado neste artigo é como separar a interface do sistema do restante da aplicação. Como torná-la independente. A solução já existe, foi desenvolvida na forma de um padrão de projeto chamado MVC – Model View Controller, este é o foco do nosso artigo.

 

Utilizando o  padrão em um exemplo

Nosso primeiro aplicativo de exemplo será simples, porém irá mostrar como iniciar o desenvolvimento utilizando o padrão MVC e fazer uso de interfaces.

Constará apenas de uma tela principal que irá chamar um formulário que permite ao usuário realizar multiplicações. Aqui utilizo o Delphi 2007, contudo, o exemplo pode ser reproduzido também no Delphi 5, 6, 7, 2005 e 2006 sem problema algum e para iniciarmos, inicie um novo projeto Win32.

Para separar a camada de apresentação o MVC cria três partes distintas, o Model, a View e o Controller.  Podemos defini-los da seguinte forma:

·         Model – É a representação da informação que a aplicação utiliza, que no nosso exemplo é o cálculo de multiplicação e os números que serão calculados.

·         View – É a representação gráfica do Model. Por exemplo, um formulário expondo as informações de um cliente. Uma View está sempre ligada a um model e sabe como exibi-lo ao usuário. E para um determinado Model podem existir várias views. Além disso também pode ser composta por várias Views. Aplicando isso ao exemplo, a view é nosso formulário que irá permitir ao usuário digitar o valores e efetuar sua multiplicação. 

Controller – É responsável em mapear as ações do usuário em ações do sistema, por exemplo se um botão ou item de menu é clicado é ele que deve definir como a aplicação responderá. No nosso exemplo é o controller que irá fazer com que ao clicar no botão “calcular” o cálculo seja feito.

 

Colocando a mão na massa

Vamos iniciar criando as partes básicas definidas pelo padrão, o Model, a View e o Controller. Adicione uma unit ao projeto renomeando-a para “MVCInterfaces.pas”. Nela adicione as seguintes interfaces, conforme listagem Listagem 1.

 

Listagem 1. MVC

type

  TModelChangedEvent = procedure of object;

 

  IModel = interface

    ['{FDF18F94-0430-4C48-BE64-F4516C4C1011}']

    procedure Initialize;

    function GetOnModelChanged: TModelChangedEvent;

    procedure SetOnModelChanged(value:

      TModelChangedEvent);

    property OnModelChanged: TModelChangedEvent read

      GetOnModelChanged write SetOnModelChanged;

  end;

 

  IView = interface

    ['{A1F411E9-294D-444D-9D5B-1D6AC9988819}']

    procedure Initialize;

  end;

 

  IController = interface

    ['{E4BD8853-F6C8-4BD4-B19D-D70B156BD712}']

    procedure Initialize;

  end;

 

Como já foi dito, o Model é nossa regra de negócio, ou seja, nosso cálculo de multiplicação. Existem algumas formas de se implementar o MVC, variando de acordo com o entendimento do desenvolvedor. Em sua forma conceitual um Model possui uma referência à View. Neste exemplo não vejo a necessidade disso, já que o Model aqui é a regra de negócio em si.

Em sistemas mais complexos isso pode até fazer sentido por que o Model poderá encapsular várias regras e será um encapsulamento para elas. O que quero dizer é que a parte chamada Model do MVC nem sempre é diretamente uma classe da nossa camada de domínio. Isso significa que a classe TAluno pode conter rotinas e/ou outras classes que têm relação com TAluno, como por exemplo, TCurso e métodos para matrícula.

Adicione uma nova unit ao projeto, salvando-a como “Multiply.pas” e adicione ao uses da interface a Unit MVCInterfaces. Crie uma nova classe conforme Listagem 2.

 

Listagem 2. Model

type

  TModelMultiply = class(TInterfacedObject, IModel)

  private

    FValue1: integer;

    FValue2: integer;

    FOnModelChanged: TModelChangedEvent;

    FSolution: integer;

    procedure SetValue1(const Value: integer);

    procedure SetValue2(const Value: integer);

    function GetOnModelChanged: TModelChangedEvent;

    procedure SetOnModelChanged(value:

      TModelChangedEvent);

    procedure Initialize;

    procedure SetSolution(const Value: integer);

  public

    constructor Create; reintroduce;

    function Multiply: integer;

    property Value1: integer read FValue1 write

      SetValue1;

    property Value2: integer read FValue2 write

      SetValue2;

    property Solution: integer read FSolution write

      SetSolution;

    property OnModelChanged: TModelChangedEvent read

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