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Este artigo objetiva falar sobre os sistemas Mobile Payment, demonstrando o estado da arte no Brasil e no exterior. Além disso, visa demonstrar o uso da Payment API (JSR 229) através da construção de um aplicativo protótipo. A proposta é desenvolver um sistema de compra de passagens para dispositivos móveis com Java ME.

 

Introdução

A utilização dos pequenos dispositivos ultrapassou as ações de telefonar e enviar mensagens SMS faz algum tempo. Hoje em dia, podemos controlar eletrodomésticos, configurar o nosso banho mesmo estando a quilômetros de distância da nossa casa, obter rotas e informações sobre trânsito e, além disso, podemos efetuar compras sem precisar usar cartões magnéticos ou ter dinheiro em mão. Este novo conceito é chamado de Mobile Payment (pagamento móvel), intimamente ligado ao Mobile Commerce (comércio móvel). O telefone celular até ganhou um novo nome, carteira de bolso.  Em um futuro próximo o comerciante irá indagar aos seus clientes: O senhor vai pagar com cartão, dinheiro ou telefone celular.

A plataforma Java ME é, atualmente, uma das mais utilizadas para o desenvolvimento de aplicativos móveis, principalmente quando o dispositivo alvo é um telefone celular. Devido a sua arquitetura, o desenvolvedor tem diversas APIs opcionais ao seu alcance, que transcendem as capacidades básicas de uma MIDlet (aplicativo Java ME). Por exemplo, com Scalable 2D Vector Graphics API, o desenvolvedor pode usufruir dos poderes das imagens SVG (Scalable Vector Graphics) em suas aplicações, ou ainda, com a Location API for J2ME é possível construir uma aplicação LBS (Location Based System) e, para Mobile Payment, foi criada a JSR 229 (Payment API).

A utilização da Payment API é o foco deste artigo, onde será tratado primeiramente os conceitos acerca do Mobile Payment, além de estudos de casos de adoções da tecnologia no Brasil e no mundo. Posteriormente será discutido o desenvolvimento do protótipo do sistema de compra de passagens para a plataforma Java ME.

 

Mobile Payment

O Mobile Payment se trata de uma forma de pagamento, onde o usuário não precisa mais portar dinheiro ou cartões de crédito, nem mesmo talões de cheque, o seu dispositivo móvel passa a ser sua carteira. É apenas mais umas das convergências que os pequenos dispositivos recebem, eles já receberem a capacidade multimídia, já receberam um receptor GPS, já lêem imagens QR-Code e código de barras, nada mais natural que também possam efetuar compras.

Transações comerciais através de telefones celulares já são algo consolidado em países como Estados Unidos, Japão, dentre outros. Diversos projetos pilotos já foram implantados, um deles é o Mobipay da Espanha. Através do casamento entre bancos e operadoras celulares, os usuários podem usar seus telefones móveis para pagamento de táxi, compras na internet, recarga de pré-pago, assinaturas de revistas, estacionamento, passagens de ônibus, pagamento de faturas, doações e remessas. O PayPass, da associação entre o Citibank  e a Mastercard, permite o uso nas estações de metrô, semelhante ao que ocorre com o bilhete único adotado em São Paulo, porém, com o telefone celular.

O Japão utiliza o Mobile FileCa desde 2006, onde os usuários podiam se beneficiar inicialmente de 13 mil lojas e 2,7 máquinas em todo o país.

No Brasil, o ponto inicial foi dado com a adoção de solução Mobile Banking, que foram implantados pela grande maioria dos bancos em atividade no país. Porém, desde a metade de 2007 percebe-se a preocupação destes mesmos bancos, assim como operadoras de cartões de créditos e até mesmo de fabricantes de máquinas de compra e venda de pequenos produtos, com a implantação de soluções que permitam a comercialização de produtos através de Mobile Payment.

Hoje em dia, os estudos de casos já são vários. Infelizmente eles se restringem a região sudeste, principalmente no estado de São Paulo, porém, é só uma questão de tempo para a tecnologia se espalhar pelo país inteiro. Uma das soluções já em processo de uso é o Mobility Pass, que permite o gerenciamento das despesas de táxi em viagens e visitas corporativas pelos funcionários da empresa. Outro exemplo é o Oi Pago. Além disso, no final de 2007 a mesma empresa comprou a Paggo Empreendimentos, que possuía um sistema de pagamentos por meio de telefones celulares. Além da Oi, a união entre a operadora de cartões de crédito Visa, Claro e a rede de cinemas Cinemark resultou no M-Ticket, sistema que permite ao usuário comprar o ingresso pela internet e receber o comprovante em seu telefone celular, ou seja, todo processo se torna informatizado e o uso de papel foi abolido.

Além destes, este artigo poderia citar muitos outros. Porém, o objetivo aqui é demonstrar o conceito de Mobile Payment e, acima de tudo, demonstrar o uso da Payment API, através de um exemplo prático. Portanto, mãos a obra.

 

Payment API

Através da especificação da JSR 229, a Payment API define um pacote opcional para a plataforma Java ME, permitindo iniciar transações de pagamento de forma segura entre o cliente (aplicativo móvel) e operadoras externas. Assim como a MMAPI (Mobile Media API), que possibilita a renderização de componentes multimídia sem especificar um protocolo padrão, a JSR 229 também não define nenhum método ou forma de pagamento único, utilizando um componente chamado payment adapter, que pode assumir diferentes formatos. O gerenciamento dos preços e a requisição de características específicas de uma transação também são habilitados através da API.

A Payment API é direcionada para a configuração CLDC (Connected Limited Device Configuration), sendo possível sua utilização com o perfil MIDP (Mobile Information Device Profile) ou IMP (Information Module Profile – Next Generation). A diferença básica entre os dois perfis se encontra na interface gráfica, sendo que o a MIDP apresenta uma API completa para interfaces gráficas de usuário, enquanto a IMP não possui esta característica. Além disso, a JSR 229 pode exigir o uso de outras APIs opcionais, dependendo a forma de pagamento escolhida pelo usuário.  Por exemplo, o Premium-Price SMS (PPSMS) é um dos métodos mais usados para Mobile Payment no Japão. Algumas operadoras como Vodafone e Cingular disponibilizam SMS Center (SMSC), permitindo a transação de valores com mensagens SMS. Sendo assim, é exigida a presença da JSR 120 (Wireless Message API) ou da JSR 205 (Wireless Message API 2.0).

A Figura 1 ilustra a arquitetura da aplicação Java utilizando a Payment API. Na camada mais inferior, encontra-se o sistema operacional nativo do dispositivo. Posteriormente, está situada a configuração, que neste caso é a CLDC. O perfil vem a seguir, podendo ser IMP ou MIDP. A Payment API encontra-se na mesma camada, assim como o módulo que gerencia as transações (Payment Module) e os diferentes adaptadores para as formas de pagamento existentes no aparelho. Por fim, na camada extrema superior, encontra-se a aplicação Java que será desenvolvida.

 

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