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EDITORIAL

 

Vou me arriscar falando isso, mas estou começando a achar que a informática é a área que mais possui ambigüidades. Esse mês, durante a pesquisa sobre ‘normalização’, diversas vezes encontrei mais de um livro apresentando o mesmo conceito de forma antagônica. Como um profissional da área fica diante disso?

Para que você tenha uma idéia, vou transcrever aqui o problema da primeira forma normal. O debate é sobre o melhor caminho para eliminar os atributos multivalorados: repetí-los em vários registros ou criar uma tabela auxiliar. Veja como dois livros que são referência sobre o assunto respondem essa questão:

 

            Sistemas de Bancos de Dados (Elmasri e Navathe), página 403:

 

            “...Existem três técnicas principais para se alcançar a primeira forma normal...:

1)     Remova o atributo ... que viola a 1FN e coloque-o em uma relação em separado;

2)     Expanda a chave ... introduzindo redundância na relação;

3)     Se o número máximo de valores for conhecido ... por exemplo três ... crie três atributos atômicos.

 

...Das três soluções mostradas, a primeira é melhor porque não apresenta o problema de redundância ... “

 

            Projeto de Banco de Dados (Carlos Alberto Heuser), página 132:

 

            “Para transformar um esquema de tabela não-normalizada em um esquema na 1FN há duas alternativas:

 

1)     Construir uma única tabela com redundância de dados...;

2)     Construir uma tabela para cada tabela aninhada.

 

...a primeira alternativa (tabela única) é a preferida. Ao decompor uma tabela em várias tabelas, como ocorre na segunda alternativa, podem ser perdidas relações entre informações. ”

 

Percebe-se que o enfoque do primeiro livro é mais prático; afinal, a tabela auxiliar vai acabar sendo criada na segunda forma normal. Já o segundo adverte para o perigo de se modelar errado criando direto as tabelas auxiliares. 

Como você vai perceber, essa discrepância se refletiu neste número. Vinicius Lourenço mostra a normalização, no projeto da livraria Book.Net, usando o enfoque mais prático; Já o Prof. Bráulio, da Universidade de Brasília, seguiu o caminho mais acadêmico e aplicou a 1FN sem criar tabelas auxiliares.

A participação do professor da UNB cabe uma ressalva: na primeira versão da revista havíamos modificado seu artigo, fazendo com que na explicação da 1FN fossem criadas tabelas auxiliares. Como resposta, ganhamos uma verdadeira aula sobre normalização: o professor nos enviou um documento com mais de dezoito mil caracteres, explicando o porquê da sua escolha. O texto foi resumido e publicado no box “Atributos Multivalorados”, na página 32.

Como um profissional da área fica diante de divergências como essa?

 

Você sabe. Nós adoramos!

 

 

Um abraço e boa leitura

 

Gustavo Viegas

Editor

gustavo@sqlmagazine.com.br