Resposta inteligente

12/05/2004

0

Vale a pena ler, muito a pena mesmo ....

Há algum tempo recebi um convite de um colega para servir de árbitro na revisão de uma prova. Tratava-se de avaliar uma questão de Física, que recebera nota zero. O aluno contestava tal conceito, alegando que merecia nota máxima pela
resposta, a não ser que houvesse uma ´conspiração do sistema´ contra ele.
Professor e aluno concordaram em submeter o problema a um juiz imparcial,
e eu fui o escolhido.
Chegando à sala de meu colega, li a questão da prova, que dizia:
´Mostre como pode-se terminar a altura de um edifício bem alto com o auxilio de um barômetro (instrumento destinado a medição da pressão atmosférica).´
A resposta do estudante foi a seguinte:
´Leve o barômetro ao alto do edifício e amarre uma corda nele; baixe o barômetro até a calçada e em seguida levante, medindo o comprimento da corda; este comprimento será igual à altura do edifício.´
Sem dúvida e ra uma resposta interessante, e de alguma forma correta, pois
satisfazia o enunciado. Por instantes vacilei quanto ao veredicto.
Recompondo-me rapidamente, disse ao estudante que ele tinha forte razão
para ter nota máxima, já que havia respondido a questão completa e corretamente.

Entretanto, se ele tirasse nota máxima, estaria caracterizada uma aprovação em um curso de física, mas a resposta não confirmava isso. Sugeri então que fizesse uma outra tentativa para responder a questão. Não me surpreendi quando meu colega concordou, mas sim quando o estudante resolveu encarar aquilo que eu imaginei lhe seria um bom desafio. Segundo o acordo, ele teria seis minutos para responder à questão, isto após ter sido prevenido de que sua resposta deveria mostrar, necessariamente, algum conhecimento de física.

Passados cinco minutos ele não havia escrito nada, apenas olhava pensativamente para o forro da sala. Perguntei-lhe então se desejava desistir, pois eu tinha um compromisso logo em seguida , e não tinha tempo a perder. Mais surpreso ainda fiquei quando o estudante anunciou que não havia desistido. Na realidade tinha muitas respostas, e estava justamente escolhendo a melhor. Desculpei-me pela interrupção e solicitei que continuasse.

No momento seguinte ele escreveu esta resposta:
´Vá ao alto do edifico, incline-se numa ponta do telhado e solte o barômetro, medindo o tempo t de queda desde a largada até o toque com o solo. Depois, empregando a fórmula h=(1/2)gt^2 , calcule a altura do edifício.´
Perguntei então ao meu colega se ele estava satisfeito com a nova resposta, e se concordava com a minha disposição em conferir praticamente a nota máxima à prova. Concordou, embora eu sentisse nele uma expressão de descontentamento, talvez inconformismo.
Ao sair da sala lembrei-me que o estudante havia dito ter outras respostas para o problema. Embora já sem tempo, não resisti à curiosidade perguntei-lhe quais eram essas respostas.
´Ah!, sim,´ -disse ele - ´há muita s maneiras de se achar a altura de um edifício com a ajuda de um barômetro.´
Perante a minha curiosidade e a já perplexidade de meu colega, o estudante
desfilou as seguintes explicações.
´Por exemplo, num belo dia de sol pode-se medir a altura do barômetro e o comprimento de sua sombra projetada no solo, bem como a do edifício. Depois, usando-se uma simples regra de três, determina-se à altura do edifício.´
´Um outro método básico de medida, aliás bastante simples e direto, é subir as escadas do edifício fazendo marcas na parede, espaçadas da altura do barômetro. Contando o número de marcas ter-se-á a altura do edifício em unidades
barométricas´.
Um método mais complexo seria amarrar o barômetro na ponta de uma corda e
balançá-lo como um pêndulo, o que permite a determinação da aceleração da
gravidade (g). Repetindo a operação ao nível da rua e no topo do edifício, tem-se dois g´s, e a altura do edifício pode, a princípio, ser calculada com base nessa diferença.
´Finalmente´, - concluiu, - ´se não for cobrada uma solução física para o problema, existem outras respostas. Por exemplo, pode-se ir até o edifício e bater à porta do síndico. Quando ele aparecer; diz: ´Caro Sr. síndico, trago aqui um ótimo barômetro; se o Sr. me dissera altura deste edifício, eu lhe darei o barômetro de presente´.

A esta altura, perguntei ao estudante se ele não sabia qual era a resposta esperada para o problema. Ele admitiu que sabia, mas estava tão farto com as tentativas dos professores de controlar o seu raciocínio e cobrar respostas prontas com base em informações mecanicamente arroladas, que ele resolveu contestar aquilo que considerava, principalmente, uma farsa.

´Não basta ensinar ao homem uma especialidade, porque se tornará
assim uma máquina utilizável e não uma personalidade. É necessário que
adquira um sentimento, um senso prático daquilo que vale a pena ser
empreendido, daquilo que é belo, do que é moralmente correto´ (Albert
Einstein)

:wink:


Fvilela

Fvilela

Responder

Posts

12/05/2004

Nildo

Boa! Muuuito boa mesmo!


Responder

12/05/2004

Maxwell_monteiro

Esse cara ai sim!tomou a pilula vermelha!


Responder

12/05/2004

Fvilela

Realmente ....... Muito inteligente a resposta dele, um colega vez mais ou menos isso numa prova, tipo, o professor pediu para criar uma funcao que somando X e Y desse resultado 2 por exemplo e outras coisas afim de descobrir qual valor de X e Y.
Ele escreveu o codigo assim
If X+Y imprima 2
if X*Y imprima 4

Sendo que com ele naum rolou, ele perdeu o ponto ´logico


Responder

Assista grátis a nossa aula inaugural

Assitir aula

Saiba por que programar é uma questão de
sobrevivência e como aprender sem riscos

Assistir agora

Utilizamos cookies para fornecer uma melhor experiência para nossos usuários, consulte nossa política de privacidade.

Aceitar