Todos nós concordamos que o trabalho em equipe é fundamental para o desenvolvimento de qualquer organização. Através da união de competências e habilidades, a diversidade é direcionada para um objetivo comum: o progresso do todo. O problema é que para muitos de nós, seres humanos, trabalhar em equipe é um processo complexo e penoso.

As formigas, no entanto, não agem dessa forma. Cada formiga tem um papel muito bem definido no seu formigueiro, e através de um excepcional trabalho em conjunto elas realizam atividades complexas como estocagem de alimentos, controle de natalidade e expansão territorial. Observar o comportamento desses insetos faz o trabalho em equipe parecer a coisa mais simples e previsível do mundo. Como insetos irracionais conseguem tamanha proeza?

Talvez uma possível explicação seja o fato de que as formigas não têm aspirações individuais. Formigas são seres desprovidos de vaidades e sonhos, como qualquer ser irracional que se preze. Por isso elas não sentem a menor necessidade de serem reconhecidas por seu desempenho, nem de galgarem andares hierárquicos no formigueiro e muito menos de se realizarem como insetos. Não há registros de paralisações ou de revoluções operárias entre as formigas. Já nas organizações humanas...

Talvez uma outra possível explicação seja o fato de que esses insetos não são vulneráveis aos ventos da desmotivação. Aliás, desmotivação é para o bicho homem, que é um ser racional e por isso tem necessidades insaciáveis a cada estação. As formigas são sempre ativas, pois dentro de cada uma delas arde a chama implacável da auto-motivação gerada pela ditadura do instinto animal e perpetuada pela mãe natureza.

Ao contrário dos animais, nós, seres humanos, evoluímos ao longo da nossa história através das tensões e dos conflitos. Faz parte da nossa natureza nascer incompletos e evoluir através das turbulências. Se assim é, chegamos a uma óbvia conclusão: há uma grande diferença entre o trabalho em equipe realizado pelas formigas e o trabalho em equipe realizado pelos seres humanos. No primeiro, a ausência de tensões é fundamental para a sobrevivência da espécie. No segundo, a ausência de conflitos é o atestado de óbito da organização. Nas organizações humanas, os conflitos não devem deixar de existir, mas devem ser administrados e canalizados para a promoção do bem comum. A não ser que a sua organização seja um formigueiro.