Artigo do tipo Exemplos Práticos
Integrando sistemas com mensageria e Spring
Neste artigo entenderemos o conceito de mensageria e como esta pode nos ajudar na árdua tarefa de integração de sistemas. Conheceremos ferramentas que nos auxiliam neste processo: a API JMS, o suporte oferecido pelo Spring Framework para a execução desta tarefa e o servidor de mensageria ActiveMQ.

Em que situação o tema é útil
O uso de mensageria possibilita integrar sistemas com mínimo acoplamento e segurança ao nos propiciar um mecanismo seguro de envio e recepção de mensagens. JMS é a API fornecida pela plataforma Java EE que nos possibilita implementar este padrão.

Integrar sistemas sempre será um desafio, especialmente quando os elementos que precisam se comunicar não são desenvolvidos pelo mesmo fornecedor. Uma imensa bibliografia foi produzida sobre o assunto, e provavelmente o livro mais conhecido é o Enterprise Integration Patterns, de Gregor Hohpe e Bobby Woolf, cuja primeira edição foi lançada em 2003. Este foi o livro que popularizou no jargão computacional o termo EIP (Enterprise Integration Patterns – Padrão de Integração Corporativos). Assim como os padrões de projeto nos fornecem soluções de desenho a serem aplicadas a sistemas orientados a objetos, os EIPs nos apresentam diferentes formas de resolver o difícil problema de integração de sistemas.

Os padrões de integração corporativos são o fruto de anos de experiência acumulada de desenvolvedores do mundo inteiro com foco na solução de um dos problemas fundamentais da computação empresarial: como tornar possível a integração de sistemas desenvolvidos em plataformas que muitas vezes são (ao menos aparentemente) completamente incompatíveis? Diversas soluções surgem, como arquivos ou bancos de dados compartilhados, protocolos de comunicação, web services, entre muitas outras. Dentre tantas soluções, uma das que se mostrou mais bem sucedida ao minimizar o acoplamento entre sistemas no processo de integração foi a mensageria, a qual é o foco principal deste artigo.

Mensageria nos possibilita não só o desacoplamento de plataforma dos sistemas a serem integrados, como também de tempo. Isto por que o receptor da mensagem não precisa estar online para recebê-la no exato momento em que ela é publicada. Como veremos, o servidor responsável pela entrega das mensagens é o que se encarrega de garantir que esta chegue a todos os interessados em seu recebimento.

Dito isso, nosso objetivo é primeiro apresentar a solução do ponto de vista arquitetural. Assim entenderemos como a mensageria pode ser aplicada em um caso real para, em seguida, expormos como por este conhecimento em prática. Para tal, começaremos apresentando a API padrão da plataforma Java EE para este fim, a JMS. Conhecendo seus fundamentos, aprenderemos em seguida como aumentar nossa produtividade com a solução que o Spring Framework nos oferece nesta área. Como servidor de mensageria, usaremos uma das implementações mais populares da API JMS, o ActiveMQ, desenvolvido e mantido pela Fundação Apache.

Nosso exemplo prático: integrando o mercado livreiro

O processo que leva um livro físico a um leitor normalmente passa por três elos dentro do mercado editorial, que são: a editora, o distribuidor e a livraria. A editora é a responsável pelo projeto gráfico e comercialização dos livros, mas isto não quer dizer que esta atue isoladamente: o segredo para o sucesso de vendas está no modo como o produto será distribuído. É neste ponto que entra em cena a figura do distribuidor.

A distribuidora de livros é a responsável por comercializar os livros publicados por uma editora em uma dada região geográfica. Normalmente as editoras delegam esta tarefa às distribuidoras pelo fato destas possuírem contato direto com as livrarias locais e também por tornar mais simples a vida do editor, que passa a focar-se mais na produção editorial, aumentando assim a qualidade dos livros que produz. Portanto, é papel da distribuidora ser a intermediária entre a editora e as livrarias que levarão o livro ao consumidor final.

Para que esta cadeia funcione de forma otimizada, faz-se necessário que os sistemas de informação sejam minimamente integrados. Isto é, é fundamental que as livrarias, por exemplo, saibam quais as novidades a serem lançadas pelas editoras para que possam preparar seus vendedores no lidar com os novos produtos. E dado que os distribuidores são os responsáveis por suprir os estoques das livrarias, é fundamental que as livrarias possuam algum mecanismo que informe as distribuidoras de forma automatizada que o best seller mais vendido está acabando em seu estoque.

Dado este cenário, como integrar todos estes sistemas, sendo que muito provavelmente foram desenvolvidos por diferentes fornecedores em diferentes linguagens de programação, sistemas operacionais e bancos de dados?

Primeira solução: base de dados compartilhada

Uma solução bastante comum na integração de sistemas consiste no uso de uma base de dados compartilhada, normalmente relacional, tal como podemos ver esquematizado na Figura 1, aonde se encontra representada a integração dos sistemas de controle de estoque de uma distribuidora e sua respectiva editora adotando a estratégia do banco de dados.

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