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Introdução a BREW

Do modelo de negócio a ferramentas de desenvolvimento

Antonio Luiz Cavalcanti e Pedro Osandy A. Matos Jr

A tecnologia BREW (Binary Runtime Environment for Wireless), desenvolvida pela QUALCOMM Internet Services (QIS) (ler Nota 1), é uma plataforma ponta a ponta de desenvolvimento de software para dispositivos wireless.

Por ser uma plataforma ponta a ponta, BREW não pode ser definido apenas como uma linguagem de programação ou ambiente de desenvolvimento, mas como um conjunto de ferramentas e regras de negócio que oferecem apoio não só aos desenvolvedores, mas a outros segmentos do processo de criação e distribuição de aplicações para dispositivos móveis. Com isso, a tecnologia BREW atinge transversalmente a cadeia de valores no mercado de desenvolvimento para dispositivos móveis, ou seja, desenvolvedores de aplicações, fabricantes de handsets e operadoras de telefonia móvel, disponibilizando soluções integradas para cada um desses segmentos (Figura 1). É exatamente essa abrangência na cadeia de valores que diferencia o BREW das tecnologias existentes, pois fornece uma plataforma integrada que contempla ferramentas para o desenvolvimento, configuração de dispositivos, distribuição e diversas formas de cobrança sobre aplicações utilizadas pelo usuário.

A linguagem utilizada no desenvolvimento das aplicações é C, porém um subconjunto da linguagem C++ pode ser utilizado. Como essas linguagens estão bastante difundidas na indústria de software, principalmente no desenvolvimento de aplicações para sistemas embarcados, o aprendizado da tecnologia BREW torna-se mais simplificado.

Outro fator de destaque da tecnologia é o desempenho de execução das aplicações desenvolvidas, que é muito superior ao de aplicações escritas em J2ME, tornando-a ideal para aplicações que exijam muito processamento, como jogos.

Atualmente, a plataforma BREW está presente em mais de 200 modelos de handsets de 40 fabricantes diferentes, dentre eles: Nokia, Motorola, Samsung e Sony Ericsson. São 60 operadoras em 29 países que utilizam o modelo de negócios da Qualcomm movimentando mais de 350 milhões de dólares ao ano. Fica claro então que é um nicho de mercado que não pode ser ignorado pelos desenvolvedores de aplicações móveis.

Neste artigo serão descritos: o modelo de negócio BREW, como a plataforma está estruturada, ferramentas necessárias para o início do desenvolvimento bem como sua integração com a plataforma J2ME da Sun Microsystems.

 

 

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Figura
1. Interação das duas plataformas com cada participante da cadeia de valores.

 

Nota 1. A Qualcomm e a Tecnologia CDMA

A Qualcomm é criadora da tecnologia CDMA e seus aperfeiçoamentos (CDMA 200, WCDMA, etc.), além de ser a principal fornecedora de equipamentos para redes CDMA. Como criadora, ela possui a propriedade intelectual sobre boa parte do que é produzido relacionado a essa tecnologia (protocolos, estrutura de hardware, chips de celular, etc.) e cobra royalties de quem deseja utilizá-la (normalmente 5% dos ganhos com o produto). Logo, um fabricante que deseja trabalhar com CDMA já está preso a Qualcomm mesmo que não trabalhe com BREW. Essa não é uma discussão nova e sempre vem à tona quando se compara o padrão GSM ao CDMA. O grande detalhe que é colocado de lado é que o padrão GSM também cobra royalties por sua utilização (de 12% a 15%) de toda empresa que não participa do pool que desenvolveu o padrão. Outra questão é que, quando se fala em desenvolvimento para tecnologia CDMA, obrigatoriamente falamos em BREW. Existe a possibilidade de desenvolver em J2ME, porém é uma tecnologia que ainda precisa amadurecer muito para handsets CDMA.

Modelo de negócio BREW

Como já foi dito anteriormente, um grande diferencial da tecnologia BREW é o modelo de negócios proposto, ou seja, como a Qualcomm trata cada um dos usuários de BREW, o que ela provê para seus desenvolvedores, fabricantes de handsets, operadoras de telefonia e para o usuário final da aplicação. Através desse modelo é possível identificar como a Qualcomm ganha dinheiro com seus produtos e serviços, e também qual o retorno que cada usuário dessa cadeia obtém ao utilizar essa tecnologia.

O modelo de negócio utilizado divide-se em quatro segmentos ilustrados na Figura 2. Cada um desses segmentos tem um público alvo bem definido que vai desde o fabricante de telefones móveis até a operadora que disponibilizará os aplicativos para seus clientes.

Os fabricantes ao utilizarem a plataforma BREW em seus handsets ganham com o custo de manutenção e desenvolvimento de novas funcionalidades (como comunicação bluetooth, mensagens multimedia, etc.) já que cria uma camada de abstração entre o hardware do dispositivo e os programas de sistema deixando a cargo da Qualcomm desenvolver toda a API necessária de acesso ao hardware.

As operadoras possuem dois benefícios principais: o primeiro é a facilidade e controle sobre a venda de softwares com o BDS - (BREW Delivery System). Com o BDS abre-se um novo nicho de mercado. As operadoras além de comercializarem seus produtos podem ganhar percentuais em cima da venda de produto de terceiros, como que por consignação. O desenvolvedor também ganha com essa abertura de mercado já que pode comercializar seu software a nível global. O segundo é a possibilidade de exigir dos seus fornecedores de aplicação que seus produtos sejam certificados pelo TRUE BREW TEST (definição apresentada mais adiante nesta matéria).

Ao usuário é disponibilizada uma comercialização bastante peculiar. Ele pode escolher dentre os diversos tipos de licença de acordo com o perfil de uso da aplicação, se vai usar apenas uma vez paga pela utilização única, se usará por um determinado período de tempo ele aluga a aplicação por esse período, ou caso use constantemente, o usuário pode comprar a licença permanente da aplicação.

A seguir é dada uma explicação sucinta de cada um dos seguimentos ilustrados na Figura 2.

 

 

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Figura 2. Segmentos do modelo de negócio BREW.

 

Plataforma de aplicativos

Essa plataforma é criada pela QUALCOMM e fornecida aos fabricantes de telefone celular para ser utilizada no dispositivo com o objetivo de executar aplicativos compatíveis com essa tecnologia.

A QUALCOMM desenvolveu o BREW com o objetivo de ser uma plataforma, como eles mesmos a denominam, leve, rápida, segura e extensível.

A QUALCOMM possui um grande conhecimento sobre aparelhos para telefonia e sabe das características desses tipos de dispositivos e da heterogeneidade das plataformas de comunicação, procurou então criar uma plataforma que homogeneizasse o acesso ao hardware dos dispositivos de fabricantes diferentes.

Hoje, pode-se dizer que todos os dispositivos CDMA podem executar, apesar das diferenças de hardware, uma plataforma homogenia que é o BREW, fazendo com que uma aplicação desenvolvida para um modelo de celular específico rode em qualquer outro modelo que suporte a mesma versão da plataforma. Isso facilita a criação de aplicações que rodem em uma gama maior de aparelhos. Os desenvolvedores, até mesmo de J2ME, sabem que não é trivial a adaptação de aplicações para handsets de fabricantes diferentes principalmente quando acessamos recursos de hardware específicos, como câmera ou comunicação bluetooth.

 A segurança é garantida na plataforma BREW através da utilização de diversos protocolos de autenticação já reconhecidos no mercado, como SSL, por exemplo, e também pela assinatura digital que toda aplicação deve possuir para poder ser instalada no sistema. Antes de ser instalada em pré-loaded (carregado de fábrica) ou over-the-air (pelo ar, termo utilizado para download de aplicações via redes sem fio), o desenvolvedor, devidamente cadastrado, deve gerar uma assinatura para sua aplicação no site da Qualcomm eliminando assim a chance de aplicativos maliciosos, como vírus e trojans, serem instalados no dispositivo. ...

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