Edição 07 da Revista MSDN

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por Renato Haddad

Recentemente estive em Redmond e entrevistei Neil Enns, Lead Program Manager do time de Mobile Devices. Saiba o que a Microsoft está prevendo para o mundo móvel e o que podemos esperar desta tecnologia. Tenho certeza que em 2005 a quantidade de aplicações móveis integradas ao .NET irão gerar muitos negócios para as empresas, acesso a informação em qualquer lugar e hora.

 

RH. Qual o seu cargo na Microsoft e por quais tipos de atividades você é responsável?

 

NE. Sou o Lead Program Manager do Mobile Devices Product Group. Dirijo a equipe de pessoas que projeta as APIs externas e a interface de usuário dos aplicativos Messaging (e-mail, SMS, MMS), PIM (Calendário, Contatos, Tarefas) e Imaging. Trabalho com esse grupo desde que entrei na empresa, há cinco anos e meio, primeiro trabalhando no Handheld PC, depois no Smartphone e, agora, no Smartphone e Pocket PC.

 

RH. Os novos desenvolvedores e as pessoas que utilizaram o eVB estão fascinadas com os recursos e a produtividade dos Smart Device Applications. O que podemos esperar nas próximas versões desse produto?

 

NE. Um ótimo acréscimo para os desenvolvedores de eVB consiste na habilidade de escrever em VB para softwares Windows Mobile for Smartphone. Já no software Windows Mobile 2003 for Smartphone, incluímos o .NET Compact Framework na ROM, a fim de que os desenvolvedores eVB possam aproveitar a abundância de ferramentas e técnicas disponíveis para VB.NET e Visual Studio .NET para desenvolver soluções para Smartphones baseados em Windows Mobile. De olho no futuro, o Visual Studio 2005 (Codename Whidbey) oferecerá uma integração ainda maior entre o VS.NET e Windows Mobile, possibilitando o desenvolvimento de código nativo do Smart Device diretamente no Visual Studio.

Temos um grande número de novas APIs nas quais estamos trabalhando, destinadas a todos os nossos desenvolvedores e particularmente para desenvolvedores de códigos gerenciados. Em nossa última Mobile Developers Conference, demonstramos as APIs managed para acesso a dados de PIM, interceptação de mensagens SMS, uma maneira padronizada de se registrar para notificações como alterações na intensidade do sinal, acesso à câmera e informações sobre localização (posicionamento). Estou muito ansioso para ver todos os novos aplicativos que nossa comunidade de desenvolvedores produzirá para essas novas APIs.

 

RH. A Microsoft está investindo alto na tecnologia móvel. Qual será o futuro do Smartphone e do Pocket PC?

 

NE. Temos uma enorme lista de recursos que gostaríamos de criar nas versões futuras. Além disso, trabalhamos intimamente com nossos parceiros (fabricantes de hardware, operadoras móveis e desenvolvedores), para incorporar seus feedbacks em nosso software.

Uma área que tem merecido especial atenção é o que podemos fazer com o trabalho do Longhorn desktop. Eles estão trabalhando em um grande grupo de novas tecnologias, tais como Managed APIs em sistemas operacionais, WinFS para armazenamento de dados (data storage) e o Avalon para avanços na interface de usuário. É estimulante pensar em como podemos utilizar esses conceitos e aplicá-los nas futuras versões do software Windows Mobile for Pocket PC e Smartphone.

Outra área que nos anima são as possibilidades de redes 3G. Uma das principais razões por que os consumidores gostam de nossos dispositivos consiste na conectividade de dados que eles oferecem aos dados da empresa. Com as velocidades mais rápidas da rede 3G entrando on-line, é muito interessante observar como poderemos aproveitar essas taxas de dados para oferecer um acesso melhor a esses dados empresariais. Penso que estamos apenas começando a ter uma idéia do que é possível fazer com o acesso a Web Services a partir de nossos dispositivos e, quanto maior a velocidade dos dados, maiores serão as oportunidades.

 

RH. Que conselho você daria a alguém que está em dúvida sobre desenvolver ou não um aplicativo que integre o legado (back-office) aos recursos móveis?

 

NE. Sei que muitas empresas se debatem com essa decisão: quando estou em eventos como o MDC, esta é uma polêmica que presencio freqüentemente entre os participantes. Pelo que pude observar, um padrão bastante comum é as empresas primeiro fazerem investimentos em desktop para integrar sistemas back-office com novos aplicativos .NET em PCs. Criar Web Services para se conectar aos sistemas legacy back-end é uma ótima etapa inicial para trazer um aplicativo para um dispositivo móvel. Você obtém o benefício do investimento não apenas com os aplicativos Mobile Device mas também com os novos aplicativos desktop.

Uma vez que você tenha Web Services apropriados para conectar aos sistemas de back-end, será muito mais fácil criar o aplicativo móvel. Com ferramentas como o Visual Studio.NET e nossos kits de ferramentas de desenvolvedor (disponíveis em www.microsoft.com/windowsmobile/), o processo de criação de protótipos de aplicativos que conectem a Web Services é bastante objetivo. O uso de Web Services como método de conexão com sistemas back-office realmente ajuda os desenvolvedores a se concentrarem na criação de recursos para usuários finais do aplicativo. Com isso, eles não gastarão seus esforços na criação das partes de transporte e comunicação do aplicativo.

 

RH. Você acha que os altos custos destes dispositivos (PhoneEdition e Smartphone) podem comprometer o sucesso dessa tecnologia?

 

NE. Na verdade, continuo a me espantar é com a velocidade com que os preços dos dispositivos caem. O Motorola MPx200, por exemplo, pode ser adquirido, com desconto, por menos de $70 nos Estados Unidos. O primeiro Smartphone baseado em Windows Mobile lançado pela Orange no Reino Unido, o Orange SPV, foi gratuito nos primeiros meses em que chegou ao mercado. À medida que mais parceiros de operadoras móveis e de hardware colocarem seus dispositivos à venda, tenho certeza de que veremos uma enorme variedade de preços de hardware, de dispositivos low-end com um bom conjunto básico de funcionalidades a dispositivos high-end, com todos os add-ons e adicionais.

 

RH. Como a Microsoft está se organizando com os fabricantes de dispositivos para integrar os aplicativos ao Smartphone ou PhoneEdition, por exemplo, usando câmeras digitais, bluetooth, etc?

 

NE. Trabalhamos intimamente com nossos parceiros de hardware para ajudar a colocar essas novas tecnologias nos dispositivos. Temos uma equipe de protótipo de hardware interna que está sempre estudando maneiras de incluir novas funcionalidades de hardware nos dispositivos sem elevar os custos. O conhecimento obtido durante a criação desses protótipos é compartilhado com nossos parceiros de hardware, a fim de que eles possam aplicá-lo no desenvolvimento do hardware real. Na MDC, mostramos vários designs de conceitos baseados nas novas resoluções de tela suportadas no Windows Mobile 2003 Second Edition. Tais designs de conceito têm o mesmo tipo dos conceitos que compartilhamos com nossos parceiros.

Além disso, estamos constantemente adicionando novo suporte ao sistema operacional subjacente para tornar esses componentes úteis aos nossos desenvolvedores. Por exemplo, recentemente fizemos uma prévia de APIs de localização para uma futura versão que permitirá acesso a informações de localização independentemente da tecnologia de hardware real utilizada.