Dia desses resolvi comprar um livro que há muito tempo desejava ler. Fui a uma livraria e adquiri o livro “O Ócio Criativo”, do italiano Domenico Le Mase.

Em linhas gerais, Domenico defende que é possível transformar o trabalho numa atividade tão prazerosa quanto ir ao cinema. De que forma? Utilizando determinadas tecnologias de informação para diminuir o excesso de trabalho. Segundo ele, o trabalho a distância, por exemplo, poderia reduzir drasticamente a jornada de trabalho e promover o fim do excesso de procedimentos nas empresas. Ou seja, com mais tempo para o lazer e o divertimento, as pessoas seriam naturalmente mais motivadas e criativas em suas profissões, o que alavancaria os índices de produtividade das organizações.

Não nego que a idéia geral do livro é atraente. Trabalhar em casa, exercer atividades sem pressão e com total liberdade para tomada de decisão é algo, no mínimo, simpático. Principalmente quando a visão que ainda se tem do trabalho é de uma atividade enfadonha, impositiva e desgastante. Mas o fato é que tentar reinventar as relações trabalhistas pode ser muito mais complicado do que se imagina.

Isso porque em muitas cidades, principalmente nas grandes metrópoles, as relações profissionais ainda são bastante tradicionais. Há uma grande competitividade entre os colaboradores, as estruturas hierárquicas se mostram rígidas e a ênfase no controle é grande. Implantar um estilo de gestão como o “Ócio Criativo”, que enfatiza a autonomia, o trabalho a distância e redução da jornada de trabalho ainda se mostra uma tarefa quase inviável no mundo contemporâneo.

Seja como for, as idéias de Domenico me fizeram pensar sobre o tipo de ócio que tenho praticado. Talvez meus súbitos desejos de mandar às favas meu trabalho para entregar-me aos lençóis pela manhã deva-se ao fato de que tenho praticado o ócio preguiçoso, aquele que nos torna inativos e por vezes alienados. Mas há o ócio produtivo, aquele que mantém a mente ativa e gera o crescimento pessoal e profissional. A prática desse ócio exige apenas sensibilidade para aproveitar o tempo de forma inteligente e leve, de modo a tornar o trabalho uma atividade prazerosa e energizada. Enquanto os dias do “Ócio Criativo” não chegam por aqui, tentarei de agora em diante praticá-lo dentro do que for possível, valorizando atividades que ”ventilam” minhas idéias e que proporcionam momentos de prazer pela arte, cultura, esporte, ciência, etc, etc, e etc...