Do que se trata o artigo:

Este artigo explica como é e como funciona a certificação LPI com o intuito de motivar os profissionais de Linux que não sabem como são as provas e querem dar seu ponta pé inicial no mundo das certificações Linux.

Em que situação o tema útil:

O conteúdo apresentado neste artigo fornecerá subsídios para os profissionais de Linux que estão planejando obter a certificação Linux LPI, que é independente de fornecedores e reconhecida mundialmente.

Resumo DevMan:

Este artigo procura esclarecer o leitor quanto às dúvidas em torno da certificação LPI, abordando desde seu histórico de evolução no Brasil, como são compostas e divididas as provas por nível, o local em que se pode realizá-las e também dicas para quem quer começar a estudar para as provas.

A certificação Linux mais procurada na atualidade é a criada pela LPI – Linux Professional Institute. A LPI é uma organização sem fins lucrativos, que possui sede na Califórnia e que foi constituída em 1999 pela comunidade Linux com a finalidade de desenvolver um programa de certificações GNU/Linux reconhecido mundialmente por empresas e profissionais de TI. Foi a primeira organização a defender e ajudar o uso profissional de Linux, do Open Source e do Free Software.

O grande diferencial da certificação LPI é que a mesma não foca exclusivamente em uma distribuição Linux, sendo independente de fabricantes e fornecedores de solução. É neutra, pois se baseia no padrão LSB – Linux Standard Base (Base Padrão do Linux), criado para diminuir os custos envolvidos com suporte em plataformas Linux. Para conseguir isso a ideia é diminuir as diferenças entre as distribuições Linux, pois se sabe que essas diferenças requerem suportes personalizados, necessitando de profissionais que saibam trabalhar nos diversos sistemas, o que encarece ainda mais o suporte.

Se a certificação LPI não é focada em uma distribuição Linux específica, quer dizer então que não são cobrados assuntos que podem variar de distribuição para distribuição como gerenciadores de pacote, localizações de arquivos em diretórios diferentes e alguns comandos específicos?

Pode sim, mas isso é a exceção, pois o foco principal são os conceitos e o entendimento das tecnologias envolvidas no Linux. No entanto fique atento, pois detalhes sobre gerenciadores de pacotes e arquivos de configurações de distribuições como Red Hat e Debian podem cair. Isso acontece pelo fato de essas distribuições serem pioneiras (matrizes que deram origem a outras) e bem estabelecidas no mercado. Entretanto, a maior parte do que é cobrado na certificação é realmente neutro, valendo para as diversas distribuições.

Para verificar os detalhes de cada distribuição que podem cair nas provas basta consultar o programa de certificação no site oficial da LPI (http://www.lpi.org).

Existem outras certificações Linux no mercado que são focadas em distribuições específicas, como, por exemplo, as certificações da Red Hat (Red Hat Certified Engineer ― RHCE, Red Hat Certified Architect – RHCA e Red Hat Certified System Administrator ― RHCSA) e as certificações da Novell (CLA – Certified Linux Administrator). A CompTIA, principal fornecedor de certificações em TI independentes de fornecedor nos Estados Unidos, também tem um programa de certificação voltado para o Linux, chamado CompTIA Linux+.

A Novell e a CompTIA atualmente são parceiras da LPI, aumentando ainda mais o valor da certificação. Atualmente a certificação LPI é tão importante que quem já tirou o primeiro nível já leva junto a certificação Novell Certified Linux Administrator (CLA) e também será considerado certificado CompTIA Linux+ powered by LPI.

Um pouco de história sobre a certificação LPI no Brasil

A aplicação das provas da certificação LPI no Brasil ocorreu graças ao esforço de pessoas influentes na comunidade Linux do Brasil. Os diretores da empresa 4Linux, especializada em consultoria e treinamento em softwares livres, Marcelo Marques e Rodolfo Gobbi, deram início à ONG LPI Brasil em 2003.

A primeira prova LPI foi aplicada no Brasil em 2002 com a vinda do John “Maddog” Hall [2], bastante conhecido da comunidade de software livre, à sede da 4Linux em São Paulo. Este foi um passo significativo para que o Brasil tivesse uma grande quantidade de profissionais certificados.

Hoje, a ONG LPI Brasil não existe mais, pois ocorreram mudanças organizacionais na LPI. A 4Linux, que foi pioneira na aplicação das provas no Brasil, se tornou uma afiliada LPI, e novos aplicadores (proctors) de provas foram capacitados e autorizados. A LPI no Brasil, este ano, comemora 10 anos de vida.

Provas

Cada prova da LPI tem 60 questões, e os assuntos são organizados por tópicos. Neste formato, cada tópico possui um peso, o que especifica a quantidade de questões a serem cobradas sobre um determinado assunto. Por exemplo, o tópico “Instalar um gerenciador de inicialização (boot)” da prova 101 possui peso 2, o que significa que terão duas questões sobre ele na prova. O respectivo peso de cada assunto pode ser encontrado no site oficial da LPI [4], dentro da seção de objetivos detalhados.

A pontuação varia de 200 a 800 pontos, não sendo possível determinar a quantidade mínima de questões que o candidato deve acertar para obter êxito. O mínimo para conseguir aprovação é 500 pontos. Além disso, o candidato tem 90 minutos para responder a prova, formada por questões de múltipla escolha e dissertativas, que cobram comandos e geralmente suas opções, arquivos de configuração ou conceitos em geral.

A seguir apresentamos alguns exemplos de questões:

1. Qual comando pode ser usado para colocar em funcionamento as mudanças feitas no arquivo /etc/inittab sem ter que reiniciar o sistema?

a) init q

b) init now

c) runlevel

d) inittab q

2. Você precisa alterar as permissões do diretório /home/leo e todo seu conteúdo para as seguintes permissões: drwxr--r--. Quais os comandos abaixo com seus respectivos argumentos fazem isso?

a) chmod 0744 /home/leo/ -R

b) chmod 744 /home/leo/*

c) chmod -R u=rwx,g=r,o=r /home/leo/

d) chmod -R u+rwx,g+rw,o+r /home/leo/

3. O comando ________ com 3 letras no Bash mostrará todas as variáveis de ambiente.

4. Você deseja achar instâncias da palavra "Maria" no começo das linhas com o editor de textos VI. Qual a combinação de teclas para fazer isso? Inclua o caractere que indica a busca no VI e considere que você já está no modo de comando. ________

Para quem já deseja ir se preparando, eis o gabarito: 1) Letra A; 2) Letras A e C; 3) Comando env; 4) /^Maria.

Níveis da LPI

A LPI possui três níveis profissionais atualmente, a saber: LPIC-1, LPIC-2 e LPIC-3. É importante destacar “níveis profissionais”, pois a LPI lançará em Junho de 2012 uma certificação chamada “Linux Essentials”, voltada para o meio acadêmico e a usuários iniciantes em Linux. Para mais detalhes, consulte [16].

O intuito da LPI ao criar esta nova certificação é melhorar o currículo de pessoas que querem entrar no mercado de Linux, mas nunca tiveram uma experiência profissional com o mesmo.

Vale ressaltar que a certificação “Linux Essentials” não é considerada um pré-requisito para as certificações profissionais (LPIC-1, LPIC-2 e LPIC-3).

A LPIC-1 e a LPIC-2 são compostas por duas provas cada. Já a LPIC-3 possui uma quantidade de provas maior. Ao todo são seis, sendo que duas delas ainda estão em fase de desenvolvimento. É neste último nível que o administrador de sistemas sênior escolherá uma área para se especializar, que pode ser segurança, ambientes mistos, virtualização e alta disponibilidade, correio eletrônico ou servidor web e intranet.

LPIC-1 (Linux Professional Institute Certification – 1 / Junior Level Linux Certification)

A LPIC-1 é voltada para administradores Linux nível júnior e é composta pelas provas 101 e 102. Esta é a porta de entrada das certificações LPI e o pré‑requisito para a certificação LPIC-2.

Pré-requisito: Nenhum.

A prova 101

A prova 101 é focada nos seguintes assuntos: arquitetura do sistema; instalação do Linux; gerenciamento de pacotes; comandos GNU/Linux; dispositivos; e Filesystem Hierarchy Standard (ou Padrão Hierárquico do Sistema de Arquivos).

É reconhecida pela maioria dos candidatos a LPIC-1 como a prova mais difícil deste nível, por requerer detalhes de comandos e até assuntos pouco vivenciados no dia a dia do administrador de sistema.

Nesta prova, o candidato deve estar bem familiarizado com os comandos GNU/Linux e deve ficar atento quando uma questão cobra somente o comando ou o comando e seus parâmetros. Ela requer que o candidato tenha bastante intimidade com a linha de comando no Linux e saiba os principais parâmetros dos comandos mais importantes. Muitos candidatos consideram a prova 101 mais difícil do que a 102 por este motivo.

O candidato não deve focar apenas nos comandos mais usuais como cat, grep, chmod, chown e cp. Comandos para instalação e remoção de pacotes dos gerenciadores aptitude, dpkg, yum e RPM são essenciais e também devem ser dominados para conseguir uma boa pontuação na prova.

Também se deve prestar atenção aos comandos de gerenciamento dos sistemas de arquivos, que por não serem tão usuais podem fazer com que o candidato não dê a devida importância. São exemplos deste tipo de comando: dumpe2fs, que mostra detalhes sobre uma partição do disco (tipo da partição, número de inodes, blocos livres, tamanho do bloco, intervalo entre checagens automáticas); e2fsck, que é usado na checagem de integridade de sistemas de arquivos EXT2; debugfs, que é usado para examinar e mudar o estado do sistema de arquivos EXT2; e tune2fs, que pode ser usado para modificar a quantidade de vezes que um sistema de arquivos EXT será checado.

Muitos candidatos estão acostumados a lidar apenas com sistemas de arquivos EXT3. Mas estude também sobre o sistema de arquivos XFS e seus utilitários, pois também são cobrados na prova.

Outro ponto importante é dominar no mínimo o básico do editor de textos VI, que é o “calcanhar de Aquiles” de muitos administradores de sistema iniciantes. Esse editor causa estranheza a muitos profissionais de Linux, por ser bastante diferente na hora de editar um arquivo quando o comparamos com outros editores de textos, como o nano, o pico e o mcedit.

Apesar do peso do tópico sobre o editor de textos VI ser considerado baixo (peso 3), não é um assunto tão complicado para que o candidato não acerte as questões.

O editor de textos VI existe em praticamente todas as distribuições Linux. Portanto, o candidato deve dominar os comandos para movimentar o cursor pelo texto, copiar, colar, apagar, salvar, sair do editor e procurar ocorrências com expressões regulares básicas.

Operações avançadas como trabalhar com macros no VI não costumam cair na prova. Uma boa dica para estudar o VI de maneira divertida é o site http://aurelio.net/vim/, que possui materiais sobre o editor de textos VIM que é um clone 100% compatível com o VI, ou seja, o que se faz no VI pode-se realizar no VIM.

Outra dica importante é dominar os gerenciadores de pacotes (dpkg, aptitude, apt-get, RPM e yum). Se você está acostumado apenas com os gerenciadores de pacotes do Debian ou Red Hat, crie uma máquina virtual com o VirtualBox e uma distribuição derivada de uma das que não se tem costume. Para treinar os comandos do RPM e do yum, por exemplo, você pode optar pela distribuição CentOS ou Fedora. E para quem não quer testar o Debian puro, tem a opção da sua distribuição descendente mais famosa atualmente, o Ubuntu.

Um assunto que os candidatos novatos no trabalho com o Linux costumam sentir dificuldades é com as expressões regulares. A princípio parece ser um assunto realmente complicado, mas na prova 101 este assunto tem peso baixo e é algo que um bom administrador de sistemas, mesmo que júnior, deve dominar. Uma dica interessante de livro sobre esse tema é “Expressões regulares – Uma abordagem divertida”, do autor Aurélio Marinho Jargas, editora Novatec, que aborda um assunto muito importante inclusive para programadores. Assim o candidato já se prepara também para o tópico de Shell Script, que é cobrado na prova 102.

A prova 102

A prova 102 é focada nos seguintes assuntos: Shell, Shell Script, gerenciamento de dados com SQL, interfaces de usuário, tarefas administrativas, serviços essenciais ao sistema, fundamentos de rede e segurança básicos.

A LPI trouxe um assunto novo para a prova 102 em 2009. Este contempla os comandos SQL. A princípio isso causou estranheza para a maior parte dos usuários que já tinham prestado a prova anteriormente. Mas fique tranquilo, o que é cobrado sobre a linguagem SQL são comandos básicos como inserção, remoção, pesquisa de dados e seleção de tabelas. O peso deste requisito é baixo. Assim, o máximo de questões que podem cair sobre isso são duas, já que o seu peso é 2.

A linguagem SQL começou a ser cobrada porque atualmente é necessidade básica de um administrador de sistemas saber lidar ao menos com o básico dela. O administrador precisa saber instalar aplicações web como o Moodle, utilizada para ensino a distância, fóruns, etc., e essas aplicações geralmente requerem um banco de dados como o MySQL ou o PostgreSQL. Apesar disso, a LPI não foca em nenhum SGBD específico, e sim na linguagem SQL.

A seguir apresentamos uma questão de exemplo sobre SQL:

1. Tenho uma base de dados (tabela) chamada clientes e gostaria de selecionar somente os clientes que são da cidade de São Paulo. Selecione a opção correta:

a) select * from clientes where cidade like 'São Paulo';

b) select 'São Paulo' from clientes;

c) select * from 'São Paulo' where clientes;

d) select all from clientes where cidade like 'São Paulo;

Gabarito: a.

O candidato que faz a prova 102 deve saber automatizar tarefas com Shell Script e usar as variáveis de ambiente e o agendamento de tarefas, já que são assuntos intimamente ligados. Se o administrador da rede monta um script para fazer backup periodicamente, ele deve saber os comandos envolvidos para isto e para agendá-lo. Uma observação importante é que a LPI não vai pedir para que se desenvolva um script na prova, mas sim saber os comandos envolvidos para criar um laço de repetição, uma estrutura condicional, etc.

Um assunto que pode pegar o candidato de surpresa com questões que cobrem coisas pouco utilizadas é o requisito sobre o servidor X, isto é, trabalhar com a configuração da interface gráfica. Comandos como xhost, xwininfo e X são cobrados. Não seja pego de surpresa!

Saber administrar usuários é essencial. É assunto que o candidato deve dominar 100%, pois faz parte da rotina do administrador, seja ele júnior, pleno ou sênior. Nesse caso as questões não costumam pegar quase ninguém de surpresa, mas fique atento aos arquivos de configuração e comandos envolvidos neste requisito tão importante!

Um assunto que não costuma ser do cotidiano do administrador de sistemas infelizmente é acessibilidade. Seu peso é mínimo, caindo apenas uma questão sobre o assunto. Portanto, é importante conhecer os softwares de acessibilidade cobrados na LPI, como por exemplo, o ORCA, que é um software livre para deficientes visuais.

Além de saber trabalhar com logs no sistema, o candidato também deve dominar o básico sobre configurações e serviços de rede, como: o NTP para ajuste de data e hora em rede, o servidor de mensagens, criar aliases de e-mail e configurar o redirecionamento de mensagens. Apesar disso, não é cobrada a configuração de um MTA (Mail Transfer Agent). O SSH é outro assunto cobrado, sendo preciso saber trabalhar com os dados de maneira segura com o software livre chamado gnupg, que passou a ser cobrado a partir de uma mudança feita na prova da LPI em 2009. Mais detalhes sobre os objetivos do exame 102 podem ser obtidos em [9].

É importante destacar que a LPIC-1 sofrerá uma atualização no seu conteúdo a partir de 2 de Julho de 2012. Ela passará a cobrar conhecimentos sobre o gerenciador de inicialização GRUB2, o sistema de arquivos EXT4, conhecimentos básicos do systemd e upstart, conhecimentos básicos do protocolo IPv6 e LVM (Logical Volume Manager – Gerenciador de Volumes Lógicos) e não cairão mais questões sobre o gerenciador de inicialização LILO.

Observação! Para ser considerado certificado LPIC-1, é necessário obter aprovação nas provas 101 e 102. Caso seja reprovado em uma delas, o candidato deverá refazer apenas aquela em que não obteve sucesso.

Se o candidato realizar uma prova e não for aprovado, é possível fazer uma nova tentativa após sete dias. Casoseja reprovado novamente, deverá aguardar noventa dias para repetir pela terceira vez a mesma prova.Caso o candidato faça a prova antes desse prazo, o exame será rejeitado e o mesmo será suspenso de prestar a prova pelos próximos dois anos. Além disso, a segunda tentativa não é gratuita e a prova deverá ser paga novamente.

LPIC-2 (Linux Professional Institute Certification – 2 / Advanced Level Linux Certification)

A LPIC-2 é voltada para administradores Linux nível pleno e é composta pelas provas 201 e 202. O foco principal das provas deste nível é certificar que os candidatos são capazes de trabalhar com servidores de pequeno e médio porte com ambientes mistos (Linux e Windows), saber configurar um firewall, um Proxy, um servidor Web, um servidor FTP, configurar e manter um servidor DNS com segurança.

Pré-requisito: LPIC-1.

A prova 201

A prova 201 cobra assuntos como compilação de Kernel e gerenciamento de módulos, sistema de inicialização, sistemas de arquivos e dispositivos, administração avançada de dispositivos de armazenamento como RAID nível 0, 1 e 5 (via software), LVM e tuning de sistemas de arquivos, particionamento, configuração de rede a cabo e sem fio, roteamento, OpenVPN, configuração de um servidor DNS usando o BIND, comandos utilitários de rede e resolução de problemas envolvendo a rede.

Compilar o Kernel e gerenciar módulos no sistema deve ser tarefa habitual para quem deseja obter aprovação nesta prova, já que existirão várias questões envolvendo estes assuntos.

Conhecer como é a inicialização do sistema, além de saber gerenciar quais serviços serão ativados no momento da inicialização, é um exemplo de assunto que não se pode perder pontos, porque se lida com isso bastante no dia a dia do administrador pleno. Detalhes sobre os sistemas Red Hat e Debian são cobrados aqui, pois possuem comandos diferentes para realizar trabalhos em comum.

Lidar com sistemas de arquivos é algo que é bastante cobrado também. Deste modo, é importante saber criar, ativar e desativar uma memória swap, criar e fazer checagem de integridade em sistemas de arquivos EXT3, XFS e para o formato ISO. Ademais, o candidato deve ter domínio sobre como ajustar o acesso aos dispositivos de armazenamento com os comandos hdparm, sdparm, tune2fs e sysctl.

Na parte de redes, não basta conhecer como configurar uma rede com cabos ou wireless. O candidato deve saber como lidar com problemas comuns que podem ocorrer em uma rede e como sair deles. Questões sobre “troubleshooting” despencam na prova 201!

A seguir apresentamos uma questão de exemplo:

1. Uma entrada correta foi adicionada no arquivo /etc/hosts.allow para permitir que certos clientes se conectem ao servidor, mas isso não surtiu efeito. O que poderia estar causando isto?

a) tcpd precisa receber um sinal HUP;

b) O serviço precisa ser reiniciado;

c) A máquina precisa ser reiniciada;

d) Existe um conflito na entrada em /etc/hosts.deny;

e) O serviço não suporta tcpwrappers.

Gabarito: e.

Para saber os objetivos desta prova detalhadamente, acesse [10].

A prova 202

A prova 202 cobra assuntos como servidor Web Apache 2, Proxy SQUID, compartilhamento de arquivos com SAMBA e NFS, configuração de servidor DHCP, autenticação com o PAM, LDAP como cliente, servidor de e-mail (Postfix/Sendmail), gerenciamento de regras de firewall com iptables, servidor FTP com VSFTPD e TCP Wrapper.

Essa prova costuma ser mais difícil que a 201, pois envolve raciocínio para descobrir soluções ou a causa de problemas que atrapalham o correto funcionamento de um serviço ou da rede.

Os assuntos mais complexos da prova 202 costumam ser a configuração do servidor DNS e do servidor de e-mail. Esta prova é recheada de questões para resolução de problemas, o que exige experiência na configuração e manutenção destes serviços.

É importante ressaltar que a LPIC-2 sofrerá uma atualização no seu conteúdo a partir de 1 de Agosto de 2012. Ela passará a cobrar conhecimentos sobre o sistema de arquivos EXT4, o protocolo IPv6, conhecimentos básicos em sistemas de arquivos encriptados, além dos comandos xfsdump e xfsrestore, e detalhes do Kernel versão 3.0.

Para obter mais detalhes sobre os objetivos dessa prova, acesse [11].

Observação! Para ser considerado certificado LPIC-2 é necessário obter aprovação nas provas 201 e 202. Em caso de reprovação em uma delas, o candidato deverá refazer apenas aquela em que foi reprovado.

LPIC-3 (Linux Professional Institute Certification – 3 / Senior Level Linux Certification)

A LPIC-3 é voltada para administradores Linux nível sênior e composta pelas provas 301 a 306.

Ao contrário das certificações de nível 1 e 2, para ser considerado LPIC-3 basta obter aprovação na prova 301.

Vamos a um detalhamento sobre as provas 301 a 306.

A prova 301

A prova 301 qualifica o profissional como Core, e as demais do nível LPIC-3 cobram assuntos específicos, como ambientes mistos, segurança e virtualização.

Esta prova testa conhecimentos sobre as tecnologias do OpenLDAP como servidor e não só como cliente, como é cobrado na prova da LPIC-2. Além disso, pode ser cobrado como é a integração do OpenLDAP ao PAM, como integrá-lo com serviços de acesso remoto SSH, de transferência de arquivos por FTP, servidor WEB, FreeRADIUS, impressão, Samba, Active Directory, Postfix, Sendmail etc. Também busca explorar a capacidade de planejamento de recursos de hardware e banda de rede para um servidor, além de saber mensurar o uso de memória, entrada e saída de disco e rede, roteamento e regras de firewall, e as famosas questões sobre resolução de problemas conhecidos como “troubleshooting”.

Pré-requisito: LPIC-2.

Para mais detalhes sobre o objetivo desta prova, consulte [12].

A prova 302

A prova 302 é voltada para ambientes mistos. Seu principal assunto é o servidor SAMBA com compartilhamento de arquivos, servidor de impressão e controlador primário de domínio. Também é necessário saber como trabalhar com CIFS, NetBIOS, WINS e Active Directory, e conhecer detalhes sobre segurança e performance.

Para mais detalhes sobre o objetivo desta prova, consulte [13].

A prova 303

A prova 303 é voltada para segurança e envolve assuntos como criptografia, controle de acesso, SELinux, servidores de rede, SNORT, escaneamento de dados em rede, OpenVPN e monitoração de rede.

Para mais detalhes sobre o objetivo da prova, consulte [14].

A prova 304

A prova 304 é voltada para virtualização (KVM e XEN) e alta disponibilidade (balanceamento de carga, gerenciamento de cluster e cluster storage).

Para mais detalhes sobre o objetivo da prova, consulte [15].

A prova 305

A prova 305 ainda não possui conteúdo detalhado no site oficial da LPI, mas será sobre servidor de e-mail e se encontra em desenvolvimento. Lembre-se que o assunto servidor de e-mail também é cobrado na prova 202 da LPIC-2 de forma básica. A diferença é que a prova 305 se aprofunda no assunto, já que é um nível mais avançado sobre correio eletrônico.

A prova 306

A prova 306 também não possui conteúdo detalhado no site oficial da LPI, mas será sobre servidor Web e Intranet e se encontra em desenvolvimento.

Você é considerado especialista em um determinado assunto quando possui a prova 301 mais uma prova especialista, que varia da 302 a 306, de acordo com a Tabela 1.

Especialidade

Combinação de provas

LPIC-3 Ambientes mistos

301 Core + 302

LPIC-3 Segurança

301 Core + 303

LPIC-3 Virtualização e Alta Disponibilidade

301 Core + 304

LPIC-3 Correio eletrônico

301 Core + 305

LPIC-3 Web e Intranet

301 Core + 306

Tabela 1. Especilidades da LPIC-3.

Observação! O termo Core, usado na prova 301, é apenas para deixar claro que ao obter êxito nela, o candidato já será considerado LPIC-3. Esta é a prova principal da LPIC-3. O termo especialista é conquistado tendo sido aprovado nela e em mais outra prova (que pode variar da 302 a 306). Realizando apenas a prova 301, o candidato será considerado sênior. Para ser especialista em segurança, por exemplo, o candidato precisa obter êxito nas provas 301 e 303.

Formato das provas

As provas da certificação LPI podem ser aplicadas em papel ou no meio eletrônico.

As provas eletrônicas são realizadas em centros autorizados VUE ou Prometric, e as PBTs (Paper Based Tests – Provas em Papel) em eventos de software livre e em locais em que não existe um centro autorizado a aplicá-la de forma eletrônica. As provas em papel feitas no Brasil são enviadas para os Estados Unidos, onde são corrigidas. Após o prazo de 15 a 30 dias o candidato recebe o resultado através do e-mail. Se aprovado, mais dias serão necessários para que o mesmo receba o certificado via Correios.

Para saber onde fazer uma prova LPI em PBT basta acompanhar o site http://www.lpi-brasil.org e procurar um LATP (LPI Approved Training Partner – Parceiro Aprovado de Treinamento) com seu calendário de provas. O site http://www.lpibrasil.com.br traz o calendário de provas aplicadas pelo LATP 4Linux e o site http://www.lpi-brasil.org destaca o calendário de provas aplicadas por outros LATPs.

O preço de cada prova em papel, cobrada em reais, gira em torno de 290,00 reais, exceto a 301, que custa 470,00 reais. Mas este valor pode variar, sendo necessário consultá-lo no site da LPI Brasil na época em que for realizá-la.

As provas em papel dos níveis 1 (LPIC – 1) e 2 (LPC2) são em português e as provas do nível 3 (LPIC – 3) são em inglês.

As CBTs (Computer Based Tests – Provas eletrônicas) podem ser agendadas no horário e dia desejados através do site da Prometric (http://www.prometric.com) ou VUE (http://www.pearsonvue.com). Além disso, será necessário cartão de crédito internacional para fazer o pagamento das provas, pois este é realizado em dólares.

O preço de cada prova eletrônica custa aproximadamente 173 dólares, mas pode variar de acordo com a região. Já a prova 301 geralmente custa mais caro, sendo cobrado aproximadamente 260 dólares. As demais provas de nível 3 (302, 303, 304, 305 e 306) costumam ter o mesmo valor das de nível 1 e 2. Portanto, é importante consultar o site da Prometric ou da VUE no momento do cadastro para saber o valor atual. O resultado da prova eletrônica é mostrado assim que o candidato finaliza o exame e por isso tem se tornado preferência entre os candidatos.

Observação! Para agendar a prova eletrônica ou se inscrever para fazer a prova em papel, o candidato deverá ter o LPI ID criado através do seguinte endereço: https://cs.lpi.org/caf/Xamman/register. A criação do LPI ID é gratuita.

Conclusão

A grande dica para quem quer conquistar as certificações LPI é consultar os objetivos detalhados no site oficial da LPI (http://www.lpi.org) e buscar material sobre os assuntos, se possível matriculando-se em cursos preparatórios.

Existem excelentes opções de cursos no nosso país. No entanto dê preferência aos cursos que fornecem simulados e dicas para a prova. É comum encontrar pessoas com excelente conhecimento técnico que foram reprovadas nas provas por não conhecerem o estilo das questões e não terem o hábito de responder as provas das certificações como exercício.

Na opinião do autor é melhor investir em simulados e treinamentos do que em livros em específico, pois são formas mais eficientes e eficazes de treinar para obter a certificação.

Outra dica importante é que o candidato deve ficar atento ao prazo de validade da certificação quando obtiver êxito nos exames. Atualmente a validade é de cinco anos. Antes de finalizar este prazo, ele deve refazer as provas do nível mais alto que possui ou obter a certificação de um nível maior. Dessa forma automaticamente estará renovando a certificação do nível anterior.

Para finalizar, dê um passo de cada vez, se planeje e você ganhará mais confiança em cada prova que fizer. Boa sorte e bons estudos!

Links

[1] Padrão LSB
http://www.linuxfoundation.org/collaborate/workgroups/lsb

[2] Relato de John “Maddog” Hall sobre a certificação LPI e a vinda da mesma para o Brasil
http://blog.lpi.org/index.php/2010/10/lpi-and-my-first-international-proctoring-job/

[3] Site da LPI Brasil mantido pela 4Linux
http://www.lpibrasil.com.br

[4] Site oficial da LPI no Brasil
http://www.lpi-brasil.org/

[5] Site Oficial da LPI
http://www.lpi.org

[6] Certificação CompTIA Linux
http://certification.comptia.org/getCertified/certifications/linux.aspx

[7] Programa LPIC-3
http://www.lpibrasil.com.br/sites/default/files/lpic-3_program.pdf

[8] Detalhamento do Exame 101
http://www.lpi.org/linux-certifications/programs/lpic-1/exam-101

[9] Detalhamento do Exame 102
http://www.lpi.org/linux-certifications/programs/lpic-1/exam-102/

[10] Detalhamento do Exame 201
http://www.lpi.org/linux-certifications/programs/lpic-2/exam-201

[11] Detalhamento do Exame 202
http://www.lpi.org/linux-certifications/programs/lpic-2/exam-202

[12] Detalhamento do Exame 301
http://www.lpi.org/linux-certifications/programs/lpic-3/exam-301

[13] Detalhamento do Exame 302
http://www.lpi.org/linux-certifications/programs/lpic-3/exam-302

[14] Detalhamento do Exame 303
http://www.lpi.org/linux-certifications/programs/lpic-3/exam-303

[15] Detalhamento do Exame 304
http://www.lpi.org/linux-certifications/programs/lpic-3/exam-304

[16] Detalhamento da prova Linux Essentials
http://www.lpi.org/linux-certifications/introductory-programs/linux-essentials