Por que eu devo ler este artigo:A gerência de projetos é amplamente estudada e possui diversas ferramentas que auxiliam na eficiência e eficácia da produção de software. Uma de suas atribuições é o gerenciamento de riscos, pois existem inúmeros riscos que envolvem o desenvolvimento de software Riscos são situações de incertezas que envolvem escolhas relacionadas com decisões que estão ligadas diretamente aos riscos.

Uma vez conhecidos os riscos, as decisões podem reduzir perdas, aumentar ganhos ou, o contrário, levando a prejuízos.

O objetivo principal do artigo é apresentar fatores de risco que impactam o desenvolvimento de software, classificá-los em grupos e proporcionar uma visão dos relacionamentos entre eles e como essas informações auxiliam na tomada de decisões.

O tema é útil para auxiliar no gerenciamento de projetos de software, como método de controle dos possíveis riscos que impactam o desenvolvimento do projeto. O uso desse conhecimento é indispensável para evitar perdas financeiras, atrasos, erros, retrabalhos e perdas de outros recursos.

Autores: Jhoney Lopes e José Luis Braga

Risco é falta de informação, a incerteza é a base do risco, por essa razão ele está no futuro. O passado é conhecido, logo é possível saber quais incertezas afetaram positivamente ou negativamente.

Por mais que cada pessoa seja única e viva experiências individuais, o cotidiano é cercado de influências comuns, que fornecem informações que são mapeadas e utilizadas por todos como, por exemplo, o melhor caminho para ir ao trabalho, o melhor tipo de investimento, quanto tempo gasta-se de casa até o destino final, e outros.

Risco não é associado com certeza, sendo assim, quando uma ação é de risco, não se pode definir a mesma sendo ruim ou boa. Existem diversos esportes de alto risco como, por exemplo, o paraquedismo.

Durante um salto, o paraquedas pode desdobrar no ar da melhor maneira possível, mas em outros casos isso pode não acontecer. As pessoas não deixaram de praticar o esporte por causa desse perigo, elas mapearam as formas indesejadas da abertura do paraquedas e desenvolveram técnicas para lidar com cada uma delas.

Criar soluções para lidar com as incertezas não se restringe ao esporte. Inovar é assumir riscos e é necessário arriscar para quebrar o “status quo”. Sejam inovações disruptivas (ver BOX 1), em processos, em modelos ou outros, a intenção é aproveitar uma oportunidade para melhorar algo. Essa busca pela melhoria constante obriga a esbarrar continuamente com o desconhecido.

Todo caminho novo tem incertezas associadas, mas muitas vezes possui características que interceptam com outros já conhecidos. Gerenciar riscos é utilizar de conhecimentos prévios para minimizar efeitos indesejados. Este artigo fornece um conjunto de informações para auxiliar o gerente de projetos a enxergar os pontos positivos e negativos das decisões em projetos de software.

BOX 1. Inovações disruptivas

Disruptivo é algo que quebra conceitos, ruptura ou rompimento de algo. Uma inovação disruptiva é um produto, serviço ou tecnologia que rompe ideias preestabelecidas, ou seja, algo que extrapola o até então conhecido.

O risco pode ser visto de várias formas. Primeiro, risco gira em torno dos acontecimentos futuros. A questão é: pode-se mudar ações hoje, a fim de criar oportunidades para uma melhor situação amanhã?

Segundo, risco envolve mudanças, tais como mudança de mentalidade, opinião, ações, ou lugares. Em um mundo estático, não existe risco, logo, esse é o terceiro aspecto do risco. Risco envolve escolhas, e todas as incertezas que essas escolhas trazem.

O gerenciamento dos riscos em áreas como administração, economia, estatística e matemática financeira, além de ser muito empregado é tratado como elemento chave para tomada de decisão.

O risco envolvido em projetos é uma condição ou evento incerto que, se ocorrer, terá um efeito positivo ou negativo. Esses efeitos podem ser no prazo, custo, esforço e qualidade. Um risco pode ter diversas causas e, se ele acontecer, pode ter diversos impactos.

Uma causa é uma condição que favorece o acontecimento de resultados positivos ou negativos. Por exemplo, a causa pode ser uma mudança no escopo, a falta de conhecimento ou pessoas insuficientes para executar um projeto, entre outros.

O processo de manipulação dos riscos é realizado com a análise e gerenciamento. Na análise estão as etapas de identificação, estimativa e avaliação, já o gerenciamento é entendido como controle do planejamento e o monitoramento do sucesso dos mecanismos de controle. Esse processo tem como objetivo básico observar o que pode dar errado e auxiliar nas tomadas decisões.

A Figura 1 apresenta a visão geral do gerenciamento de riscos apresentado no PMBOK e possui os seguintes itens:

· Planejamento do gerenciamento de risco: o processo de definição de como conduzir as atividades do gerenciamento de risco;

· Identificação dos riscos: processo de determinação de quais riscos podem afetar o projeto e documentação de suas características;

· Análise qualitativa dos riscos: processo de priorização dos riscos para análise ou ação adicional através da avaliação e combinação de sua probabilidade de ocorrência e impacto;

· Análise quantitativa dos riscos: o processo de analisar numericamente o efeito dos riscos identificados nos objetivos gerais do projeto;

· Planejamento de respostas aos riscos: processo de desenvolvimento de opções e ações para aumentar oportunidades e reduzir ameaças aos objetivos do projeto;

· Monitoramento e controle de riscos: processo de implementação de planos de respostas aos riscos, acompanhamento dos riscos identificados, monitoramento dos riscos residuais, identificação de novos riscos, e avaliação da eficácia do processo de risco durante todo o projeto.

abrir imagem em nova janela

Figura 1. Visão geral do gerenciamento de riscos do projeto

Na figura são apresentadas as entradas, ferramentas técnicas e saídas dos principais processos de gerenciamento de risco. Para obter sucesso, uma organização deve estar compromissada em realizar gerenciamento de risco de forma proativa e consciente.

Uma escolha consciente deve ser feita em todos os níveis da organização para identificar e seguir um efetivo gerenciamento de risco durante todo o ciclo de vida de um projeto. O gerente de projetos pode utilizar a Figura 1 para organizar um plano de ação de gerenciamento de risco.

A gestão de riscos tornou-se uma preocupação global, os efeitos indesejados dos riscos se transformaram em uma apreensão. Por esse motivo, em 2009, saiu a norma ISO 31000 e no Brasil foi lançada em 30/11/2009 a ABNT NBR ISO 31000 - Gestão de Riscos, Princípios e Diretrizes.

A norma ISO 31000 tem reconhecimento internacional, não tem finalidade de certificação, mas é uma ferramenta de auxílio às empresas, trazendo uma forte vantagem competitiva.

Observa-se que os projetos de desenvolvimento de software, em geral, apresentam atrasos de cronogramas, custos realizados além do planejado e funcionalidades aquém das expectativas.

Esses problemas, embora considerados inerentes ao desenvolvimento de software por muitos autores, podem ser minimizados e controlados pelo contínuo gerenciamento de risco em projetos.

O tempo de reação aos riscos é um fator preponderante para a economia, como pode ser visto na Figura 2. A reação imediata, feita no momento da identificação e da análise dos riscos, na fase inicial, é chamada de reação de prevenção, e acontece antes da decisão final sobre o projeto, alterando as principais variáveis de impacto no projeto, como escopo, qualidade, tempo ou condições financeiras.

O quanto antes ocorrerem a identificação, prevenção e contingência relacionadas aos riscos, menores serão os custos de impacto ao projeto. Em contraposição, a estimativa de custo do projeto possui maior nível de acerto com o passar do tempo.

Figura 2. Momento da reação diante dos riscos

A Figura 3 é conhecida como Cone de incerteza, sua leitura mostra que, no início do projeto, a estimativa possui maior taxa de erro. Estimativas realizadas na fase conceitual podem ter um erro de quatro vezes, ou um-quarto do valor estimado; o erro se reduz com o aumento do conhecimento sobre o projeto.

A figura apresenta de modo simples um direcionamento do melhor momento para a determinação do custo real do projeto, embora seja compreensível que o erro decresce com o tempo, esse gráfico não leva em consideração a necessidade do cliente em saber o mais rápido ...

Quer ler esse conteúdo completo? Tenha acesso completo