Metodologias Ágeis
Desafios para o gerenciamento ágil de projetos colaborativos
De que trata o artigo:
Este artigo apresenta as definições e os desafios envolvidos no gerenciamento de projetos colaborativos, gerenciamento de projetos tradicionais e gerenciamento ágil, realizando uma comparação com os conceitos clássicos do gerenciamento de projetos.
Para que serve:
Com a constante aquisição de empresas de desenvolvimento por outras empresas de desenvolvimento acredita-se que em alguns anos será comum a gerência de projetos de forma colaborativa, visto que estas empresas estarão espalhadas geograficamente. Além disso, a necessidade de entregar versões do sistema mais rapidamente e que atendem em evolução às necessidades do cliente indicam um cenário adequado para o desenvolvimento ágil. Nesse artigo você conhecerá estas duas formas de GP.
Em que situação o tema é útil:
Este tema é útil para todos aqueles que lidam com gerência de projetos e que estão interessados em conhecer e/ou adotar o gerenciamento de projetos colaborativos ou métodos ágeis em seus projetos.
O objetivo deste artigo é apresentar as definições e, principalmente, os desafios envolvidos no gerenciamento de projetos colaborativos, gerenciamento de projetos tradicionais e propostos no enfoque do gerenciamento ágil de projetos, contrapondo-os aos conceitos ditos tradicionais (clássicos) de gerenciamento de projetos. Não se pretende descrever os tradicionais, pois há uma vasta literatura sobre o tema, de fácil acesso e padronizada por associações profissionais. A primeira seção apresenta a definição de Gerenciamento de Projetos Colaborativos e seus conceitos básicos como colaboração e classificação de projetos. A seção seguinte apresenta as críticas à teoria de gerenciamento de projetos e o enfoque ágil no gerenciamento de projetos com sua definição, seus objetivos, princípios e valores, e sua aplicabilidade no gerenciamento de projetos de desenvolvimento de produtos. Por fim, realizamos uma síntese dos desafios identificados.
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Definição e conceitos básicos da colaboração
Nooteboom (1999) diz que a razão fundamental pela qual as empresas se associam é a oportunidade de complementar suas competências para produzir valor agregado e inovação. A associação com outras empresas é fundamental no atual cenário de desenvolvimento tecnológico. O caso da Procter & Gamble, apresentado por Huston e Sakkab (2006), demonstra claramente esse problema. Uma empresa que possui uma estrutura de desenvolvimento tecnológico significativa, frente ao padrão da maioria das empresas, e que, apesar disso, reconhece a dificuldade de manter-se atualizada nas várias tecnologias necessárias ao seu negócio. Assim, apesar do tradicional investimento em P&D, a empresa permanece na busca de parcerias, criando redes de colaboração.
Rycroft e Kash (2004) identificam a globalização como sendo a força que induz à colaboração entre vários tipos de organização. Combinando a força, a perícia e o conhecimento de equipes técnicas diversas e dispersas geograficamente, as tecnologias podem ser desenvolvidas em menos tempo (DAVIS, KEYS e CHEN, 2004). Talvez, no futuro, as empresas que conseguirão manter-se na liderança do desenvolvimento tecnológico e de produtos sejam aquelas que consigam se associar às redes que contemplem todas as competências necessárias para o desenvolvimento dos produtos e que saibam melhor como atuar de forma colaborativa (HUSTON e SAKKAB, 2006). Empresas que sejam também aptas a criar processos de negócio capazes de acessar o conhecimento compartilhado (KODAMA, 2007).
O desenvolvimento colaborativo é, portanto, um fenômeno atual. Na literatura existem várias definições de colaboração em termos de desenvolvimento de produto. Desde a década de 80 que esse fenômeno vem sendo desenvolvido do ponto de vista gerencial, com diversos nomes (alianças estratégicas, parcerias, etc.) e sob diferentes aspectos. Amaral (1997) e Amaral e Toledo (2000) apresentam uma compilação específica sobre a colaboração no desenvolvimento de produtos, na qual identificam linhas de pesquisa distintas e comparam diferentes definições.
Em um estudo recente, Emden, Calantone e Droge (2006) apresentam uma extensa revisão sobre colaboração no desenvolvimento de produto. Os autores definem colaboração no desenvolvimento de produto como um tipo de relacionamento inter-organizacional, caracterizado por níveis elevados de transparência e onde cada participante contribui com uma parcela significativa do resultado final do projeto. Essas duas características – interação e objetivos comuns – são os aspectos fundamentais que designam praticamente todas as definições de colaboração. Exemplos de definições que seguem essa linha são as de Mattessich e Monsey (1992), segundo a qual colaboração é uma relação bem definida e mutuamente benéfica entre duas ou mais organizações, a fim de atingir objetivos comuns; e a de Katz e Martin (1997), como o trabalho conjunto de indivíduos para atingir objetivos comuns.
Mas essas definições não exploram em profundidade um aspecto do trabalho colaborativo: a criação conjunta. Duas empresas que trabalham em um mesmo projeto podem, não necessariamente, influenciar da mesma maneira no resultado final. Assim corre-se o risco de confundir colaboração com outros tipos de relacionamentos que não apresentam níveis similares de complexidade gerencial. Um caso emblemático é a subcontratação de serviços de desenvolvimento. O cliente concebe o produto, define as características essenciais e delega a outra empresa trabalhos específicos de detalhamento, sem que haja interação ou contribuição do fornecedor no resultado preconcebido. Neste caso, pode haver uma divisão de tarefas clara e bem delimitada, que faz o esforço não ser realmente de cooperação, na medida em que envolve pequena interação entre as partes.
O estudo de Camarinha-Matos et al. (2006) descreve os vários níveis de integração entre parceiros que foram analisados e utilizados na definição de colaboração. Os autores apresentam uma classificação de quatro tipos de envolvimento: rede, coordenação, cooperação e colaboração. O mais avançado, dito colaboração, envolve objetivos, identidades, responsabilidades e trabalho conjuntos, quer dizer, a criação do produto final é realizada conjuntamente pelos parceiros: por meio de intensa troca de informações. Por deixar esse aspecto mais evidente, adota-se neste trabalho a definição do nível mais avançado desses autores (CAMARINHA-MATOS et al., 2006): “Um processo em que entidades compartilham informações, recursos e responsabilidades para planejar, implementar e validar um programa de atividades para atingir um objetivo comum”.
Definição de projeto colaborativo
Um dos fatores que contribuíram para a difusão da literatura de gerenciamento de projetos foi o lançamento, a partir de 1987, do PMBOK (Project Management Body of Knowledge) pelo PMI (Project Management Institute), difundindo e padronizando os termos empregados no gerenciamento de projetos. " [...] continue lendo...