Introdução ao PM Canvas – Uma Nova Forma de Gerenciar

Este artigo apresenta as principais características do modelo PM CANVAS e seus principais aspectos.

O PMBOK é um conjunto de práticas que tem como principal foco a área de gerenciamento de projetos, através de uma metodologia tradicional baseada em documentação, composta por processos que vem sendo utilizando há muito tempo. Entretanto, este modelo algumas vezes não se encaixa em projetos que necessitam de pouca burocracia para ser realizado. Baseado nisso José Finocchio Junior deu origem ao PM CANVAS (Project Model Canvas) e este artigo apresenta as principais características deste modelo e seus principais aspectos.

O PM CANVAS

Com o objetivo de reformular o modelo de planejamento de projetos. De acordo com seu criador, “o modelo padrão de plano de projetos não está, nem nunca esteve adaptado ao trabalho na maioria das organizações”. O PM CANVAS prega a simplicidade e agilidade para o gerenciamento de projetos, e pretende se adaptar melhor a realidade das empresas e ao funcionamento da mente humana (FIINOCCHIO, 2013).

O PM CANVAS teve influência do Business Model, que foi publicado pela primeira vez em 2009 por Alex Osterwalder e Yves Pigneur. Este é um guia para empreendedores que buscam trabalhar com um novo modelo de negócios, algo mais inovador e com maior valor para empresas, clientes e para sociedade, pois tem o objetivo de auxiliar na criação estratégica de um novo negócio.

Finocchio enfatiza o uso da neurociência no gerenciamento de projeto, acreditando ser essencial entender como funciona o cérebro para que o compartilhamento de informações e a comunicação se tornem algo mais proveitoso e realizado de melhor forma.

Baseado nisso, são propostas algumas ações para o planejamento de projetos:

O PM CANVAS procura aplicar um plano de projeto de maneira mais amigável e rápida. Para a confecção de um projeto utilizando o PM CANVAS é preciso ter apenas post-its e uma folha no formato A1. O s post-its nos dão uma limitação para escrevermos, com isso, os stakeholdes informam apenas o essencial, assim economizam tempo e algumas informações que talvez não fossem tão relevantes para o andamento do projeto e que poderiam atrapalhar o planejamento. A folha A1 será dividida em blocos e usada como um plano de fundo, conforme mostra a Figura 1. Ela será preenchida de acordo com que os conceitos do projeto forem definidos e relacionados. O PM CANVAS representa somente o que for essencial para o projeto, podendo ser utilizado como documento único do mesmo ou como ferramenta que servirá para auxiliar sua lógica.

Figura 1. Estrutura do PM CANVAS. Fonte: (FIINOCCHIO, 2013)

São necessárias quatro etapas para a construção do canvas: conceber, integrar, resolver e comunicar. Veremos mais sobre elas a seguir.

Conceber

Cada área do canvas é dividida em blocos que devem responder aos seguintes questionamentos: Por quê? O quê? Quem? Como? Quando e Quanto? Essas perguntas têm como objetivo auxiliar o entendimento do seu projeto, e na Figura 2 temos o quadro de divisões dessas perguntas fundamentais.

Figura 2. Perguntas Fundamentais

Por quê? é a pergunta mais importante a ser respondida, pois nesta área é definida qual a importância, o sentindo e o valor de se realizar tal projeto. A resposta para tal pergunta é sempre “para melhorar nossa situação!”, e vem com os seguintes componentes:

O quê? é a pergunta que explica o que todo projeto gera, seja um produto, um serviço ou um resultado. Nessa etapa espera-se que o cliente forneça informações sobre o produto e seus requisitos.

Quem? é a pergunta que nos ajuda a ter uma visão de quem irá trabalhar de forma interna e externa. Nesse bloco estão os seguintes componentes:

Como? é a pergunta que torna visível como o trabalho será realizado, a forma de entrega das atividades e quais as condições para realizá-las. O bloco é composto por:

Quando e Quanto? é a pergunta que geralmente se faz no início de um projeto, ou seja, quando fica pronto e quanto será gasto. Porém, só é possível estipular prazos e quantias após termos realizado todas as outras definições. O PM CANVAS faz a associação do quanto e quanto, pois o cronograma de tempo e o cronograma de custo compartilham da mesma estrutura, que é baseada nas entregas das atividades. Esse bloco é composto por:

Assim, a mesma Figura 1, após a marcação das perguntas fundamentais com os componentes do PM CANVAS, fica como apresentada na Figura 3.

Figura 3. Componentes do PM CANVAS relacionados com as perguntas fundamentais

Integrar

A função da integração diz respeito a juntar os componentes do canvas de modo que eles façam sentindo ao se relacionarem uns com os outros. Esse processo fará com que o modelo mental representado no canvas se torne mais forte. A metodologia fornece um protocolo de integração, que é um conjunto de verificações pré-determinadas e que são feitas em uma sequência coesiva. O protocolo de integração passa por oito passos:

  1. Passo um: É verificado se os pontos que foram descritos nas justificativas são sanados e se os problemas que deram origem ao projeto são solucionados. Para verificarmos isso, devemos primeiramente ir ao bloco onde os benefícios são descritos e checar se os benefícios que foram definidos eliminam, de fato, os problemas que foram mencionados na justificativa. Porém, não importa em que bloco do canvas a solução vai estar, o importante é que todos os problemas sejam resolvidos;
  2. Passo dois: Aqui é feita a análise do objetivo do projeto, se ele é suficiente para superar o passado e atingir os benefícios. É preciso verificar tudo que foi descrito no objetivo SMART, se todos os pontos são realmente necessários para o alcance dos benefícios;
  3. Passo três: são verificados os requisitos e se todos possuem um membro definido e se eles definem o produto realmente. Neste passo é realizado um conjunto de perguntas, tais como: “cada requisito definido refere-se ao produto?”, “se não, será que esse requisito não é apenas uma restrição não mencionada?”, “todos os produtos do projeto foram mencionados nos requisitos?”. Além dessas perguntas é importante realizar uma correção em relação à ordem de prioridades dos requisitos;
  4. Passo quatro: acontece a análise da equipe do projeto. É preciso ter certeza se o patrocinador foi identificado e se ele faz parte do grupo de influências do gerente do projeto, pois caso falte recursos, o gerente deve recorrer ao patrocinador. É importante também analisar se existe algum membro na equipe que não contribui para nenhum grupo de entrega;
  5. Passo cinco: realiza-se a análise das premissas descritas, verificando se elas foram bem formuladas e abrangentes. É importante que algumas informações estejam nas premissas, tais como: “em quais condições externas o projeto irá funcionar?”, “quais premissas sobre os stakeholdes faltaram?”, “quais as condições para se iniciar o projeto?”, “quais os stakeholdes liberam recursos para dá início ao projeto?”.
  6. Passo seis: é preciso ter certeza se todas as limitações do projeto estão identificadas no bloco de restrição do canvas. As restrições do projeto devem estar relacionadas com, pelo menos, um desses elementos: membros da equipe, entregas do projeto, ou ao projeto em si. Nesse passo percorrem-se todas as restrições e verifica-se a qual elemento ela está se referindo.
  7. Passo sete: esse passo requer saber se os riscos que foram descritos no projeto são suficientes sobre o que já sabemos do projeto ou o que ainda não sabemos. Verifica-se, primeiramente, quais os riscos que determinada premissa pode trazer ao projeto, e logo após, verifica-se os riscos causados pelas entregas. Existem três estratégias a se adotar, de acordo com a probabilidade e impacto dos riscos:
    a. Prevenir - quando um risco é de alta probabilidade ele não deve ser aceito, mas sim encontrar uma maneira para exclui-lo;
    b. Transferência - acontece a transferência do risco quando ele não é aceitável e o planejamento do projeto não pode ser alterado, assim, procura-se transferir o impacto negativo desse risco terceirizado às etapas que forem afetadas pelo risco. Mitigar o risco pode não ser aceitável, porém encontra-se outra maneira de amenizar os danos negativos daquele risco.
  8. Passo oito: aqui iremos verificar se o cronograma e o orçamento estão orientados as entregas. É necessário garantir que estes estejam em conjunto, pois, na maioria das vezes, eles realizam trocas entre si.

Resolver

Se denomina ‘nó’ todo ponto do camvas que é travado por algum tipo de indefinição no projeto, e essa etapa é responsável por solucionar o nó em questão. Para conseguir a solução são necessários alguns passos.

Primeiramente deve-se verificar se pergunta POR QUÊ? foi respondida corretamente, e caso não tenha sido, todas as outras perguntas se tornam inúteis.

Logo após esse passo, deve-se checar se existe conhecimento sobre O QUÊ será produzido nesse projeto, e em seguida é feita a análise se QUEM irá trabalhar nesse projeto possui conhecimento e responsabilidade suficiente.

Quando todas essas três perguntas tiverem sido respondidas, verifica-se se está claro COMO esse trabalho será realizado e suas condições, e por último, é checado se o que foi definido nas perguntas QUANDO E QUANTO são condizentes com o que já se sabe sobre o projeto.

São infinitos os nós que podem se originar em um projeto, por exemplo:

  1. O projeto não gera valor: Existem projetos que não trazem contribuição significativa para a organização e não geram aumento de receita ou não diminuem os custos, além de não melhoram a imagem da empresa. Ao ser detectado um projeto desse tipo deve-se realizar uma reunião com o patrocinador e analisar uma melhor motivação para criar o projeto.
  2. O cliente não sabe o que quer: A equipe se reúne, porém, poucos são os post-its escritos, pois o cliente ainda está definindo todos os requisitos. Para solucionar esse nó, Finocchio aponta como algumas soluções identificar se os stakeholdes que usarão o produto estão realmente engajados no projeto, e conversar com cada um em particular para que fiquem mais à vontade para falar sobre seus desejos.

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Para avaliar se seu plano está pronto deve-se ter a seguinte lista:

Com todos esses itens você conseguiu atender o PM CANVAS. É preciso ter conhecimento sobre a utilidade de cada componente do PM CANVAS nessa fase:

Esperam que tenham gostado do artigo.

Bibliografia

FIINOCCHIO, José. Junior. Project model canvas: Gerenciamento de projetos sem burocracia. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

GANATRA, A. Amadurecendo o gerenciamento de projetos com a utilização de uma metodologia: Biblioteca Virtual PMI, 2001.

VIANA, R. V. Gerenciamento de projetos: Estabelecendo diferenciais competitivos. 7. ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2009.

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