Este artigo analisa as
competências individuais dos profissionais de Tecnologia da Informação para que
possam atuar em projetos de desenvolvimento de software em Micro e Pequenas
Empresas, utilizando como base os modelos de qualidade MPS.BR, CMMI e o Guia
PMBOK.
Em que situação o tema útil: Para
organizações que desejam desenvolver ou aprimorar a alocação dos profissionais
de Tecnologia da Informação levando em consideração suas competências
individuais pautados nos modelos de qualidade de processos MPS.BR, CMMI e o
Guia PMBOK. Resumo DevMan: A busca pelas
habilidades técnicas e de gestão, pelo desenvolvimento contínuo e por
experiências tem se tornado fator decisivo na escolha de um colaborador para a
organização. Neste sentido, as competências individuais aliadas aos modelos de
qualidade tem se tornado importante na melhoria da alocação de profissionais a
projetos de desenvolvimento de software. Este artigo apresenta conceitos
básicos de gestão de pessoas e relação com os modelos de qualidade. Autores:
Cristiane Aparecida Lana, José Luis Braga e Áurea Maria Resende de Freitas
O conhecimento e a informação tornaram-se recursos de produção estratégicos para a organização, especialmente à luz do atual processo econômico. Com os processos de desenvolvimento de software não é diferente, conhecer de forma individual os processos organizacionais, as necessidades de cada projeto e as competências de cada colaborador, pode-se tornar fator decisivo na melhoria da competitividade organizacional. Porém, o conhecimento detalhado e a identificação das competências não é uma tarefa simples de ser executada por micro e pequenas empresas, que em sua grande maioria demostram falta de estruturação dos processos e da gestão de pessoas.
A competência está voltada para a iniciativa, para a capacidade de assumir responsabilidades em função das necessidades que ocorrerão nas situações profissionais [1]. De forma similar, o PMI define a competência como sendo a capacidade e habilidade necessárias para finalizar as atividades do projeto.
No mundo dos negócios, o mercado está cada dia mais exigente e em virtude disso as organizações buscam além da identificação das competências o auxílio nos modelos de qualidade de software.
Dessa forma, a estruturação dos processos nas micros e pequenas empresas vêm sendo modificados contribuindo para alavancar essas organizações em um mercado onde a concorrência está cada vez mais apertada, onde a exigência dos clientes por qualidade e por produtos e serviços que atendam de fato suas reais necessidades sejam entregues com baixo custo e em curto espaço de tempo.
Todavia, os modelos de qualidade Capability Maturity Model Integration (CMMI), Melhoria de Processos de Software Brasileiro (MPS.BR) e o Guia de “boas práticas” Project Management Body of Knowledge (PMBOK) abordam as competências da equipe e não as individuais, sendo necessário e objetivo deste estudo investigar as competências individuais que os profissionais de Tecnologia da Informação necessitam possuir para desempenhar suas atividades em projetos de desenvolvimento de software em micro e pequenas empresas a luz dos modelos de qualidade, na busca de auxiliar na estruturação do processo de gestão de pessoas.
O PMBOK, atualmente em sua quarta edição, busca organizar o conhecimento de práticas utilizadas em projetos, criando uma identificação universal de “boas práticas” que, se aplicadas corretamente, podem aumentar as chances de sucesso em um número elevado de projetos.
O CMMI e o MPS.BR são pautados em “melhores práticas” para o desenvolvimento de produtos e oferecimento de serviços na área de Tecnologia da Informação, abordando todo o ciclo de vida, concepção, desenvolvimento, entrega e manutenção. O que difere o modelo brasileiro (MPS.BR) do internacional (CMMI) é o custo de investimento e a forma como os processos são tratados em cada um dos modelos. O MPS.BR, apesar de ser aplicado a grandes instituições, tem seu foco principal em Micro e Pequenas Empresas (MPE’s), buscando alavancá-las dentro de um mercado altamente competitivo. O CMMI, em sua maioria, é utilizado por grandes empresas, uma vez que o custo é mais oneroso e a maior parte dos processos definidos não é aplicável às empresas de pequeno porte.
Micro e Pequenas Empresas: a alavanca da economia
As Micro e Pequenas Empresas (MPE’s) surgiram após a redução do ritmo de crescimento da economia da década de 1980. Com o aumento do número de desempregados, elas passam a ser uma ocupação para a mão-de-obra excedente, fazendo surgir, ao final da década, as primeiras iniciativas mais concretas para incentivar sua abertura e estruturação. Dentre essas iniciativas, podem-se destacar: (1) a criação do primeiro Estatuto da Microempresa de 1984; (2) a inclusão na Constituição Federal de 1988; (3) a criação da Lei nº 9.317 de 5 de dezembro de 1996, que garante as MPE’s o SIMPLES (Sistema Integrado de Pagamento de Impostos); (4) a transformação do Centro Brasileiro de Assistência Gerencial à Pequena Empresa (CEBRAE) em Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE).
A Tabela 1 sintetiza os critérios de definição de micro e pequenas empresas de acordo com a Lei nº 9.841, de 5 de outubro de 1999, SEBRAE e o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES).
Lei nº 9.841 de 05/10/1999 |
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Critérios de definição |
Valor da receita/Número de pessoas ocupadas |
Microempresas |
Até 244 mil reais |
Pequenas empresas |
De 244 mil a 1,2 milhões de reais |
BNDES (Critérios dos países do MERCOSUL para fins creditícios) |
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Microempresas |
Até 400 mil dólares (Cerca de 940 mil reais) |
Pequenas empresas |
De 400 mil a 3,5 milhões de dólares (cerca de 8,2 milhões de reais) |
SEBRAE |
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Microempresas |
Até 9 |
Pequenas empresas |
De 10 a 49 |
Tabela 1. Definição de micro e pequenas empresas
Vale ressaltar que o critério de classificação por número de pessoas ocupadas não distingue o tipo de atividade e nem mecanismos envolvidos no processo de produção ou prestação de serviços. Sendo assim, pode-se ter de acordo com o IBGE [6], a realização de alto volume de negócios com a utilização de mão-de-obra pouco numerosa.
Contudo, é visível a relevância da MPE’s na estrutura econômica brasileira e para o emprego. Em 2005 elas representavam mais de 90% do número de empresas formais, com mais de 60% de ocupações e sendo responsável por 20% do Produto Interno Bruto, juntas empregam mais de 15 milhões de pessoas. Em 2010, as MPE’s foram responsáveis por 99% dos estabelecimentos (6,1 milhões) e 51,6% dos empregos formais não agrícolas (14,7 milhões). Destes 51,6%, o setor de serviços ocupa um total de 33,3%.
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