Introdução à programação orientada a aspectos - Conceitos
Este artigo trata sobre AOP - Aspect Oriented Programming, ou programação orientada a aspectos. O objetivo é apresentar primeiramente os conceitos e nas futuras partes do artigo as ferramentas e técnicas.
Para se fazer um sistema, visando resolver um problema, uma abordagem comum é dividir em partes menores e tratar cada parte separadamente. Esta técnica chama-se separação de interesses.
Ao projetar um sistema, trabalhamos com diversos interesses (ou concerns). Na programação orientada a objetos o modelo de abstração trabalha com classes como unidades. No projeto procura-se separar cada interesse em uma classe distinta, porém nem sempre isso é possível.
Quando os interesses aparecem misturados numa mesma classe chama-se entrelaçamento, e quando um único interesse aparece espalhado em diversas classes chama-se espalhamento.
Para aqueles interesses que não podem ser modularizados em classes dá-se o nome de interesses transversais.
Exemplos típicos de interesses transversais são:
· persistência de objetos
· segurança de acesso
· acesso concorrente
· gerenciamento de transações
· e muitos outros.
A programação orientada a aspectos foi criada para resolver a implementação destes interesses transversais para os sistemas modelados com orientação a objetos. Usando AOP é possível separar estes interesses em unidades chamadas aspectos.
Ao desenvolver com AOP a lógica de controle é invertida (Inversion of Control - IoC), pois os aspectos é que conhecem os componentes do sistema, e os componentes desconhecem os Aspectos.
Para compor o sistema é preciso fazer o processo de montagem, que consiste em aplicar os aspectos sobre os componentes. Este processo é chamado combinação (weaving) sendo realizado por um combinador (weaver).
O weaver pode ser estático, aplicado em tempo de build do sistema, ou dinâmico, aplicado durante a execução do código.
O AspectJ é um conjunto de compilador, combinador e utilitários associados a AOP com Java. A sintaxe utilizada no AspectJ para a construção dos aspectos é semelhante a Java, um dos motivos de sua ampla aceitação. Outra vantagem é a utilização do AspectJ sobre a Java Virtual Machine da especificação padrão [JVM], facilitando a migração de código Java para AspectJ.
Os principais conceitos na programação de aspectos são:
· joinpoints - representam eventos de interesse do fluxo de execução. Quando a execução passa por um joinpoint o aspecto pode agir naquele ponto. Exemplo de joinpoints: invocação de métodos, alteração de atributos e exceções.
· pointcuts - usados para representar um conjunto de joinpoints, pois podem acontecer muitas ocorrências de joinpoints de um mesmo tipo. O AspectJ [ASPECTJ] utiliza expressões regulares na definição de pointcuts.
· advices - são os procedimentos realizados quando os pointcuts são ativados. Os advices podem ser executados antes (before), depois (after) ou em substituição ao joinpoint. Advices são a implementação dos interesses transversais.
Talvez o leitor entenda melhor estes conceitos se pensar que aspectos são estruturas semelhantes a classes, advices são semelhantes a métodos, joinpoints seriam atributos e os pointcuts algo como triggers (gatilhos) sobre os joinpoints.
Para utilizar AOP em sistemas reais, de médio e grande porte, é muito importante utilizar uma ferramenta de desenvolvimento. A complexidade de debugar, aplicar e documentar aspectos está no não-determinismo da ordem em que mais de um aspecto sobre o mesmo jointput serão executados.
A ferramenta que será usada para demonstrar as técnicas de AOP é o AJDT [AJDT] do projeto Eclipse. Sua distribuição é no formato de um plug-in para o IDE Eclipse, trabalhando integrado ao mesmo.
Nas próximas partes deste artigo será visto como instalar o AJDT no Eclipse e algumas aplicações.
Referências
[JVM] "Java Virtual Machine Specification" - http://java.sun.com/docs/books/vmspec/2nd-edition/html/VMSpecTOC.doc.html
[ASPECTJ] "AspectJ" - http://eclipse.org/aspectj
[AJDT] "AspectJ Development Tools" - http://eclipse.org/ajdt
