Conhecer a história de pessoas que passaram por desafios semelhantes ao que você está vivendo no momento é uma maneira de se inspirar e se motivar a ir em busca dos próprios objetivos. Nesse contexto, saber mais sobre a trajetória de mulheres na programação, que desenvolveram carreiras incríveis e renomadas, pode ser tudo o que você precisa para se empolgar em construir o seu caminho a área.

A presença feminina na tecnologia, por muito tempo, foi um grande tabu. Por ser uma área com profissões que atraíram mais os homens, nos séculos e décadas passados, os desafios de ser uma mulher no mercado tecnológico eram ainda maiores.

O relatório Global Gender Gap 2022, do Fórum Econômico Mundial, mostra que o número de homens formados na área de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) segue sendo quase cinco vezes maior do que o de mulheres. Ainda assim, é possível ver um crescimento da presença feminina no mercado tecnológico brasileiro de cerca de 2,1 pp, segundo um levantamento da Catho.

A verdade é que os desafios existem, mas, apesar disso, a presença feminina na tecnologia só tende a aumentar. Para se inspirar em seguir uma carreira na área e fortalecer cada vez mais o cenário feminino na tecnologia, confira 14 mulheres na programação como referência!

1. Ada Lovelace

Ada Lovelace
Augusta Ada Byron King, Condessa de Lovelace

Conhecida como a mãe da computação, Ada Lovelace, ou melhor, a Condessa de Lovelace viveu durante o século XVIII e se casou com um matemático chamado Charles Babbage. Com mãe professora de matemática e referências em toda a sua volta, Ada logo se apaixonou pela área também e se tornou uma matemática.

Um de seus trabalhos mais notáveis foi a criação de uma máquina analítica, a primeira da história, que contava com um algoritmo de processamento. Lovelace, na época, não sabia, mas se tornou a primeira programadora conhecida no mundo.

Sua lógica de programação foi utilizada por muito tempo, dando início a um novo segmento na matemática, que se desdobrou para o que, atualmente, é conhecido como Ciência da Computação.

2. Grace Hopper

Grace Murray Hopper
Grace Murray Hopper

Nascida em 1906, Grace Hopper é mais um exemplo de mulheres que aprenderam a ser programadoras e abriram caminho para muitas outras. Desde criança, Hopper mostrava interesse em ciência e em lógica.

Em sua vida adulta, tornou-se oficial da marinha americana e, de suas mãos, surgiu uma das primeiras linguagens de programação computacional da história. Conhecida como Common Business Oriented Language (COBOL), seus conceitos são utilizados até hoje.

Grace também foi a primeira pessoa que usou o termo "bug" para descrever um erro no sistema. Além disso, foi a primeira mulher que recebeu o título de PhD em Matemática pela Universidade de Yale.

3. Carol Shaw

Carol Shaw
Carol Shaw, primeira mulher game designer

Entrando no mundo dos jogos digitais, Carol Shaw é um dos grandes nomes femininos da área de desenvolvimento. Se você já jogou River Raid, 3-D Tic-Tac-Toe ou Happy Trails, saiba que foi graças ao trabalho dessa mulher.

Formada em Ciência da Computação, Shaw esteve entre os primeiros colaboradores do projeto Atari Basic Reference Manual. Seu trabalho como engenheira de software rendeu o jogo “River Raid”, que recebeu uma série de prêmios na década de 1980.

Atualmente, a Atari é uma empresa conhecida por diversos títulos clássicos de jogos digitais. Saber que uma mulher no ramo da programação foi responsável por boa parte do sucesso da empresa é realmente inspirador e pode abrir convite para cada vez mais meninas seguirem esse mesmo caminho.

4. Irmã Mary Kenneth Keller

Irmã Mary Kenneth Keller
Irmã Mary Kenneth Keller

Se você nunca parou para pensar quem esteve por trás da criação de uma linguagem de programação, conhecer as histórias dessas mulheres programadoras, provavelmente, vai fazer você se questionar nas próximas vezes que abrir um ambiente para programar.

A mente por trás da linguagem BASIC, muito conhecida no meio acadêmico, foi uma freira. A Irmã Mary Kenneth Keller era formada em Matemática e Física e foi responsável por traduzir um código de computação para uma linguagem direta e intuitiva.

Seu pioneirismo na Ciência da Computação trouxe muito mais praticidade para atuar e aprender programação. Além disso, foi a primeira mulher a receber um PhD em Ciência da Computação, no ano de 1965, na Universidade de Wisconsin-Madison.

Com uma mente visionária, Irmã Keller idealizou que os computadores seriam essenciais para tornar as pessoas mais inteligentes nas próximas décadas. Atualmente, cerca de 60 anos depois, é possível ver os efeitos da Transformação Digital no dia a dia de cada pessoa.

5. Jean Sammet

Jean Sammet
Jean E. Sammet (23 de março de 1928 – 20 de maio de 2017) foi uma cientista da computação americana que desenvolveu a linguagem FORMAC em 1962.

Ainda sobre as primeiras mulheres a serem reconhecidas no campo acadêmico da Ciência da Computação, Jean Sammet está entre os primeiros nomes femininos dos Estados Unidos com diploma na área.

Sammet teve um doutorado em Ciências da Computação, além de colecionar dois diplomas em Matemática nas instituições de ensino Mount Holyoke College e Universidade de Illinois. Ao longo de sua vida, dedicou-se à criação de linguagens mais práticas e trabalhou por mais de 25 anos na indústria da informática.

A cientista foi responsável pelo desenvolvimento da linguagem de programação FORMAC, na década de 1960. Essa ferramenta foi fundamental para o processamento de fórmulas matemáticas e de cálculos mais complexos na International Business Machines Corporation (IBM).

6. Frances Allen

Frances Allen
Frances Elizabeth "Fran" Allen (1932 – 2020) foi uma informática estadunidense e pioneira no campo de otimização de compiladores.

Uma das principais mentes por trás da proposta de computação paralela foi uma mulher chamada Frances Allen. Seu trabalho foi fundamental para o desenvolvimento do conceito de otimização de compiladores, a fim de melhorar os códigos utilizados na Ciência da Computação. Além disso, atuou no campo da segurança digital na National Security Agency (NSA).

A partir de suas ideias, foi possível desenvolver softwares mais otimizados, com processadores de baixo desempenho. Seu trabalho foi tão relevante que rendeu o prêmio Turing da computação, no auge de seus 74 anos, tornando-se a primeira mulher a receber essa honraria.

7. Hedy Lamarr

Hedwig Eva Maria Kiesler
Hedwig Eva Maria Kiesler

Hedy Lamarr, nome artístico de Hedwig Eva Maria Kiesler, foi uma atriz austríaca que teve uma carreira brilhante nos Estados Unidos. No entanto, a mulher não foi um nome histórico apenas nos cinemas, uma vez que suas ideias foram fundamentais para a Segunda Guerra Mundial e até mesmo para a criação de tecnologias que existem até hoje, como o GPS e o Wi-Fi.

Lamarr foi perspicaz ao notar uma variação na frequência emitida pelo som das notas de um piano. Com isso, sugeriu que as estações de radiocomunicação tivessem um funcionamento semelhante. Ao testarem essa ideia, perceberam que a atriz não somente estava certa, como a partir dessa percepção seria possível criar um sistema de intercepção de mensagens.

Com o uso de ferramentas de interferência de rádio, mensagens dos EUA para os países chegaram ao destino esperado, sem a detecção por países inimigos, durante a Segunda Guerra Mundial. Essa estratégia permitiu que os Aliados obtivessem êxito em suas missões.

Não parou por aí! Essa mesma ideia é aplicada até hoje em computadores e celulares. Por meio da interferência na frequência de rádio, é possível manipular e desenvolver sistemas de GPS, Bluetooth e Wi-Fi.

8. Katherine Johnson

Katherine Coleman Goble Johnson
Katherine Coleman Goble Johnson (1918 – 2020) foi uma matemática, física e cientista espacial norte-americana.

Katherine Johnson é um nome que você pode encontrar entre os contribuintes da missão Apolo 11. Não é por acaso que a sua história faz parte do filme "Estrelas Além do Tempo", devido à sua participação em projetos da NASA.

Katherine Johnson também tem o seu pioneirismo no meio acadêmico. A cientista foi a primeira mulher negra a entrar em um curso de pós-graduação realizado pela universidade de West Virginia State.

Na época, seu trabalho foi reconhecido pela NACA, organização conhecida, atualmente, como NASA. Uma de suas atuações mais marcantes foi na participação do projeto Apolo 11, a primeira missão bem-sucedida de pouso na lua, com o cálculo de trajetória do voo.

9. Marissa Mayer

Marissa Ann Mayer
Marissa Ann Mayer (Wausau, 30 de maio de 1975) é uma cientista da computação estadunidense graduada pela Universidade de Stanford, executiva de tecnologia da informação e co-fundadora do Lumi Labs.

Uma cientista da computação contemporânea, com formação pela Universidade de Stanford, também marca o pioneirismo na história das mulheres na programação. Marissa Mayer foi a primeira engenheira do Google e o seu trabalho foi essencial para o desenvolvimento de diversos programas da empresa.

Sistemas como o Google Maps, Google Images, Gmail e Google Books contaram com a contribuição de Mayer. O trabalho da cientista foi essencial para tornar o Google o principal site de pesquisa em todo o mundo. Vale destacar também que Melissa se tornou a presidente e diretora executiva do Yahoo! ao longo de sua carreira.

10. Kathleen Booth

Kathleen Britten
Kathleen Hylda Valerie Britten

Responsável por desenvolver o primeiro sistema de computador do BirkBeck College, da University of London, Kathleen Booth é mais uma referência de mulheres na programação. A desenvolvedora também é a mente por trás da primeira linguagem Assembly do mundo, em meados do século XX, época em que a presença feminina na tecnologia era ainda mais escassa.

Com PHD em Matemática Aplicada, Booth também idealizou, junto a seu marido, Andrew Booth, a possibilidade de uso da inteligência artificial em máquinas nas próximas décadas. Em parceria com seu cônjuge, a cientista também foi responsável pela construção de 3 computadores chamados SEC, APE (X) C e ARC.

11. Joan Clarke

Joan Elisabeth Lowther Clarke
Nascida em Londres no dia 24 de junho de 1917, Joan Elisabeth Lowther Clarke, foi uma numismata e criptoanalista que se tornou conhecida por seu trabalho na Hut 8, ajudando a decifrar os códigos criptografados da marinha alemã (Kriegsmarine) durante o período da Segunda Guerra Mundial.

Amiga de Alan Turing, o famoso pai da computação, Joan Clarke também marcou a história das mulheres na programação. Formada na Universidade de Cambridge, em Matemática, por volta da década de 1930, o título de profissional não foi dado à Clarke por ser mulher, uma vez que os diplomas eram oferecidos apenas aos homens.

Ainda assim, Joan Clarke construiu uma carreira incrível no ramo da tecnologia. Ao se tornar integrante de um dos projetos mais importantes para vencer a Segunda Guerra Mundial, a matemática contribuiu para a criação de máquinas que quebravam códigos de guerra da Alemanha nazista, o famoso Enigma.

12. Margaret Hamilton

Margaret Heafield Hamilton
Margaret Heafield Hamilton (Paoli, Indiana, 17 de agosto de 1936) é uma cientista da computação, engenheira de software e empresária estadunidense.

Margaret Hamilton foi mais uma cientista da computação que teve um papel importante na Missão Apollo 11, que fez com que o homem pisasse na lua pela primeira vez. Foi ela, uma das responsáveis pela criação do code do Apollo Guide Computer, ferramenta que guiou o voo.

Margaret fez esse trabalho enquanto atuava como diretora de Engenharia de Software do projeto, que veio a se tornar o primeiro código de computação portátil da história. Além de receber a Medalha Presidencial da Liberdade, uma grande medalha de honra nos Estados Unidos, fez mais de 130 publicações científicas, o que ajudou a fomentar os estudos na Ciência da Computação.

13. Nina Silva

Marina Silva
Marina Silva, mais conhecida como Nina Silva, pode ser apresentada de muitas formas: reconhecida pela ONU e pela instituição internacional MIPAD (Most Influential People of African Descent) entre os cem afrodescendentes mais influentes do mundo abaixo de 40 anos.

É praticamente impossível falar de mulheres no mercado tecnológico, principalmente olhando para a época contemporânea, sem citar Nina Silva. Uma das maiores representantes brasileiras dessa trajetória feminina na área, a especialista em tecnologia e inovação está entre as 100 pessoas afrodescendentes com menos de 40 anos de maior influência do mundo inteiro.

Nina faz parte de um projeto de fintech, o D’Black Bank, voltado para linhas de créditos destinados a empreendedores negros. Com anos de carreira na área de TI, Nina Silva é dedicada na construção do espaço de pessoas negras no mercado da tecnologia e dos negócios.

14. Marian Croak

Marian Rogers Croak
Marian Rogers Croak é vice-presidente de engenharia do Google. Ela foi vice-presidente sênior de pesquisa e desenvolvimento da AT&T e detém mais de 200 patentes.

Ainda sobre mulheres negras que vieram a trabalhar com tecnologia, Marian Croak é mais um nome de referência que todo mundo deveria conhecer. Com carreira renomada na área de Science, Technology, Engineering and Mathematics (STEM), Croak é uma das mentes responsáveis por garantir as chamadas de vídeo, muito utilizadas atualmente.

A carreira de Marian Croak é marcada por diversas patentes, ultrapassando a faixa de 200 títulos, como a da tecnologia de Voice over Internet Protocol (VoIP), responsável por chamadas realizadas pela internet, além de dispositivos para cirurgia a laser de catarata. Todo o empenho em inovação e tecnologia garantiu a indicação de seu nome ao Women in Technology International Hall of Fame.

Além disso, em 2022, começou a fazer parte do National Inventors Hall of Fame, estando entre as primeiras mulheres negras a obterem essa conquista. Graças à Marian Croak, é possível usar plataformas como o Google Meet ou o Zoom para reuniões remotas.

Conhecer as histórias dessas mulheres na programação é, na verdade, um grande convite para dar início ao seu processo. Da mesma maneira que todos esses nomes ultrapassaram desafios e construíram uma carreira dev deslumbrante, reconhecida até mesmo anos após o seu falecimento, você também pode trilhar o seu caminho para o tão esperado sucesso.

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