Automação da força de vendas – Parte 1 de 4

 

Apresentação

 

Como se dá a automação de uma força de venda? A escolha do hardware, o software utilizado, o meio de conexão? Hoje diversas empresas utilizam o PDA como forma de dar agilidade e diminuir erros na tirada de pedidos, item inclusive, que vem dando sobre vida aos PDA’s frente à expansão implacável dos Smartphones.

 

Nesta seqüência de quatro artigos, vamos estudar alguns motivos que fizeram do Windows Mobile ser a principal ferramenta para tirada de pedidos, anos luz à frente da Palm, motivos históricos para isto. Na segunda etapa vamos analisar softwares de desenvolvimento para ambas as plataformas e na terceira etapa, em três viagens, vamos eleger uma plataforma para desenvolvimento de Palm OS e criar um sistema muito simples de tiragem de pedido – instalação do software de desenvolvimento, criando o programa de interface e conexão e por último, criando um servidor de dados para receber e utilizar a informação recolhida.

 

Sem mais, por tanto, tratemos dos critérios de hardware:

 

Parte I: Hardwares disponíveis

 

Não é raro observar em diversos restaurantes o uso de PDA's como tiradores de pedidos, realizando uma façanha intitulada "automação da força de venda", ato que de tão comum que vem se tornando, não é sequer exclusividade de restaurantes finos, mas do Fasano e América ao Habib's, passando por representantes de companhias de bebidas, junto aos seus clientes e, claro, órgãos do estado que já viram as vantagens na diminuição da margem de erro e economias na diminuição de burocracias através do PDA. Um case famoso em São Paulo é uso dado pela SABESP na leitura do consumo de água do mês, que ao ser registrada num PDA, já envia a informação a uma central ao mesmo tempo que uma impresso gera a conta impressa em papel termo-sensível. Agilidade e corte de custos com correio, levar a informação à central para então emitir a cobrança. Real-time.

 

Contudo, saindo de uma visão do macro sistema para observar o micro, detalhes nos saltam aos olhos, em primeiro lugar, tanto funcionários de companhias de bebida, AMBEV e Coca-Cola, como garçons de restaurantes e medidores de consumo do estado estão sempre munidos de PDA's potencializados por Windows Mobiles. Até mesmo velhos PDA's HP1950 estão em uso ainda hoje, com sua bateria limitada e sua memória Volátil, resquício do uso de sistema Windows Mobile 2003SE. Pois bem, e por que nunca um Palm?

 

Lembro que em meus tempos de professor da PDA Personal, cheguei a ministrar um treinamento de sábado inteiro em um elegante hotel para uma força de vendas que utilizaria um Palm T|E e um Nokia 6100 para automação de sua força venda, em geral, vidros. Copos, garrafas, potes e frascos em geral. Mas tirando este caso, onde o uso de um Palm com uma janela de conexão precisa, algumas vezes por dia, se fazia necessárias, poupando bateria e tráfego de dados desnecessários, o uso do Palm é uma exceção na automação de venda.

 

Os motivos para aquela época, algo ao redor de 2004, são fáceis de imaginar: enquanto o Palm mais popular tinha apenas IR para conexão de dados, os PDA's já tinha bluetooth e WiFi por preços mais acessíveis. Mesmo um T3 naquela época ainda tinha apenas Bluetooth e os Compaq’s, de hardware parrudo, traziam Bluetooth, WiFi e IR, claro, para conexão. Um restaurante pode trabalhar com rede Mash-up de bluetooth ou com WiFi, por outro lado é muito inviável pensar nos garçons esperando, a cada pedido, alinhar um celular com o PDA via IR, abrir conexão, enviar os dados e então encerrar para atender um novo pedido. Isto é no mínimo improdutivo, para não chamar de burro mesmo. Nestes casos, o papel continua sendo uma solução melhor, não é mesmo?

 

Contudo, os tempos mudaram, os aparelhos evoluíram e a Palm já tem WiFi em boa parte da sua linha (excessão incompreensível aos Treos, isto é, não cabe aqui os motivos da Palm, Treos e WiFi não se conversarem) e o que continuamos vendo, são PDA's com Windows Mobile potencializando forças de vendas. Por quê? Podemos pensar em dois motivos: 1) tempo para desenvolvedores estudarem a plataforma e 2) preço dos PDA's em revendas.

 

No primeiro caso, enquanto a Palm se arrastava com IR como conexão, os desenvolvedores já tinha Windows Compact Edition, Windows CE, para desenvolverem e se acostumarem com uma linguagem móvel e, quando a Palm chegou ao WiFi (no Tungsten C de 2003), ela já não tinha entusiastas suficiente em suas fileiras, e olha que o T|C era um avião até para os dias de hoje! Também, ao que parece, embora isto possa gerar polêmica, há grande preconceito entre programar para Windows e programar para qualquer outra coisa, considerada de segunda linha, segunda opção ou solução paliativa. Seja como for, a Palm perdeu um timming importante insistindo no preço versus recursos tecnológicos, algo que a concorrência não titubeou em fazer.  Mas vamos falar de programação na próxima etapa do artigo, portanto, abrangeremos isto mais tarde.

 

No segundo item, os aparelhos em sí. Quais diferenças tinham a Zire 71 e o iPaq 1940/1950? E hoje entre o RX4240 e o T|X ou LifeDrive (este último, já descontinuado)? Além da óbvia lacuna tecnológica de meios de conexão entre os modelos, há também a presença de recursos inúteis neste meio, como câmeras nas Zires 71 e 72, HD (!?) no LifeDrive, que faz do menor impacto (nem precisa ser tombo) ameaçar todos os dados armazenados no seu aparelho e, claro, a bateria que em qualquer Palm e na maioria dos Smartphones, é embutida, não favorecendo a volta ao trabalho rápida de um modelo Palm, enquanto a linha HP permite a troca de baterias, a linha Compaq e Dell também permitiam.

 

Claro que há outros diferenciais. Potência das baterias, padrão das fontes de recarga, brilho da tela, melhor/pior empunhadura para uso constante (o TX é inegavelmente mais largo que a linha RX ou família 19XX), seja como for, sobre hardware como diferencial de escolha, acho que tudo que podíamos abranger já foi dito, por tanto, nos vemos então na próxima etapa do nosso tutorial, Softwares de desenvolvimento para Palm e Window Mobile.