Do que se trata o artigo:

O artigo fala de um assunto bastante atual e que, eventualmente, gera polêmica ao ser comentado: o que será dos profissionais de TI, em um momento onde as empresas procuram levar seus serviços para cenários de utilização de recursos em nuvem?

Em que situação o tema útil:

O tema aborda o cenário atual de Cloud Computing e pode auxiliar os profissionais que desejam um direcionamento sobre as oportunidades que existem no mercado de trabalho, com base nas novas soluções de Cloud Computing.

Resumo DevMan:

Nesse artigo discutimos, de forma breve, as soluções de Cloud Computing existentes no mercado e o seu impacto na vida dos profissionais de TI, bem como as oportunidades geradas pelo novo modelo de negócio.

Nos últimos meses recebemos uma enxurrada de informações relacionadas a provedores de serviços na nuvem. Soluções, parceiros, fabricantes. Parece que todos resolveram aderir a esse tipo de cenário.

A migração para a nuvem pode ser bastante atrativa para vários modelos de negócio, por várias razões. Economia com recursos computacionais, espaço físico, resfriamento do datacenter, manutenção e suporte são alguns dos motivos pelos quais as corporações vêm adotando mais e mais as soluções de cloud.

Corporações de vários tamanhos irão achar atraente a possibilidade de não precisar mais manter uma estrutura de equipamentos cara, bem como os contratos de suporte relacionados aos serviços suportados pela mesma e necessários ao negócio. E-mail corporativo, anti-spam, filtro de conteúdo, portal de colaboração, software para vídeo conferência são alguns exemplos de serviços tão comumente utilizados nos dias de hoje e que possuem opções de utilização na nuvem, com menor custo de aquisição e diversos benefícios de escalabilidade e manutenção.

Como tudo começou?

O conceito de nuvem não é recente. Já utilizamos recursos armazenados ou “hosteados” há bastante tempo. E-mail gratuito, blogs, aluguel de espaço em provedores para colocar servidores e hosting de sites web estão entre as opções mais conhecidas. Entretanto, com a evolução das tecnologias e links de acesso, provavelmente muitos fabricantes pensaram: porque eu preciso “vender” o meu software/hardware se eu posso “alugar” e garantir minha sustentabilidade, além de propor um modelo de utilização bastante atrativo para todos os tamanhos de organização? E assim nasceu a mais nova onda da informática, como tantas outras que já tivemos (linguagens visuais, por exemplo): o Cloud Computing.

Existem, hoje, várias siglas associadas ao modelo de computação na nuvem. Citaremos três, em específico, onde existe uma tendência de que gerem as maiores demandas de oportunidades de trabalho e negócios, baseadas já nesse novo cenário. O mercado está em plena mudança de conceitos, inclusive, e a forma como trabalhamos já começou a mudar. Tempos atrás era impensável prestar suporte a um serviço onde não houve “deploy”. Como eu vou suportar algo que não foi instalado ou configurado? Hoje, temos a possibilidade disso, bem como a de desenvolver e customizar aplicações que não se encontram no ambiente físico do cliente. Vejamos, então, as principais possibilidades de serviços em Cloud Computing:

  • PaaS Plataforma como serviço: Utilizamos este termo para definir o uso de recursos de plataforma na nuvem. Quando pensamos em plataforma, lembramos do que usamos comumente em nossos ambientes. Servidores web, Active Directory, servidores SQL. O consumo desse tipo de serviço caracteriza o PaaS;
  • IaaS Infraestrutura como serviço: Utilizamos este termo para definir o uso de percentuais, ou “pedaços” de servidores hospedados que tenham a capacidade de responder a uma necessidade específica da corporação, em termos de processamento e recursos;
  • SaaS Software como serviço: Talvez o modelo mais conhecido de todos, o SaaS pode ser definido como o modelo que permite o uso de um determinado software como se o estivéssemos alugando, isto é, pagando para utilizá-lo. Um bom exemplo é o pacote BPOS da Microsoft (futuramente Office365) ou o Google Apps, da Google, onde você pode “alugar” caixas postais, criar portais corporativos, dentre outras possibilidades, sem investimento em infraestrutura. Outro exemplo, você utiliza o Exchange como servidor de correio (Microsoft), tem acesso a todos os recursos que o mesmo provê, mas não precisou comprar o produto ou montar uma estrutura interna para usar o serviço. Você utiliza o serviço que a Microsoft fornece.

Para onde estamos indo?

Utilizar recursos de nuvem pode ser bastante tentador. Existem inúmeras vantagens no modelo de prestação do serviço, tais como SLA agressivo, custo de aquisição “inexistente”, redução expressiva no custo de manutenção, uso por demanda, dentre outras, representando, muitas vezes, uma economia real. Você consegue acesso a recursos que possuem redundância e alta-disponibilidade em termos geográficos, suporte 24x7 mundial com alto valor agregado como solução e baixo custo para utilização. Num exemplo clássico desse cenário, vamos falar sobre anti-spam na nuvem.

Hoje, estatisticamente falando, 70% a 80% das mensagens que chegam ao servidor de correio são SPAM, ou seja, serão descartadas. Isso acarreta custo com processamento de servidor para eliminar as mensagens; link de internet; compra, manutenção e atualização do software anti-spam; espaço físico para colocar o servidor (ou a máquina virtual); ar condicionado para resfriar o ambiente e muito mais custos que nem sempre conseguimos visualizar. Então, porque não receber apenas os 20% de mensagens que interessam ao invés de manter todo esse aparato para simplesmente eliminar o indesejável?

Existem, da mesma forma, restrições nos serviços que devem ser observadas. Vamos falar sobre recuperação de mensagens em caixas postais. Suponha que, inadvertidamente, você apague uma mensagem importante de sua caixa postal. Os provedores de nuvem, em geral, limitam o tempo em que mantêm essa informação passível de recuperação, antes da deleção completa. Se você identificar rapidamente que realizou a ação, não há maiores problemas. Basta abrir um chamado e recuperar a mensagem. Mas e se você se der conta disso após o período de salvaguarda do provedor? Sua mensagem será perdida em definitivo, infelizmente. Existem outros agravantes. Algumas empresas necessitam, por questões de regulamentação, armazenar e recuperar dados por mais tempo do que os provedores oferecem atualmente. Na média, o padrão é de 14 dias. Empresas que aderem a Sarbanes-Oxley (veja a Nota DevMan 1), por exemplo, necessitam guardar dados por cinco anos. Para essas corporações, a adoção de recursos na nuvem poderá ser mais lenta ou, num primeiro momento, indesejada.

Entretanto, existe uma verdade única e absoluta: as empresas SEMPRE irão procurar formas de ter melhores serviços, gastando menos. Neste cenário, a nuvem é uma realidade e não teremos como “fugir” disso. Então, o que nos resta? Quais as oportunidades que teremos com as empresas migrando seus serviços para a nuvem?

Nota DevMan 1. Sarbanes-Oxley

A lei Sarbanes-Oxley, apelidada de Sarbox ou ainda de SOX, visa garantir a criação de mecanismos de auditoria e segurança confiáveis nas empresas, incluindo ainda regras para a criação de comitês encarregados de supervisionar suas atividades e operações, de modo a mitigar riscos aos negócios, evitar a ocorrência de fraudes ou assegurar que haja meios de identificá-las quando ocorrerem, garantindo a transparência na gestão das empresas. (Fonte: Wikipédia).

O Futuro e as oportunidades

Diante deste cenário, o profissional de infraestrutura, como conhecemos hoje, tende a “morrer“. Uma vez que não haja serviços dentro das corporações, o que restará de trabalho para nós? Felizmente, muita, muita coisa. Da mesma forma que passamos por uma mudança em termos de modo de operação de nosso trabalho, novas opções se tornam viáveis e reais. Por exemplo: quantas empresas você conhece que prestam consultoria para adoção de soluções em nuvem? Quantas outras procuram prover treinamento de usuários para utilização dos novos serviços? Oportunidades existem e precisamos estar atentos às mesmas.

Vejamos algumas possibilidades dentro do cenário que se desenha:

  • Nuvem privada: Nem todos os ambientes estão aptos à adoção de nuvem, conforme discutimos anteriormente. Sendo assim, um novo nicho que se expande é o de ambientes virtualizados internos (nuvens privadas), de alta disponibilidade, para fornecimento de serviços de média e alta complexidade. É bem verdade que nem todas as empresas adotarão esse modelo, mas é certo que muitas o farão e, com isso, teremos bastantes oportunidades no setor. E como se preparar para isso? Estudando as tecnologias de virtualização existentes hoje e estando antenados com as mudanças do mercado;
  • Plataforma como serviço: Utilizando serviços na nuvem, tais como servidores de banco de dados, continuamos a ter a figura do DBA presente, tanto durante a migração da estrutura interna para a nuvem, quanto na manutenção e estruturação das bases em si. Desenvolvimento agregado a soluções de nuvem é uma das grandes (e boas) possibilidades dentro deste nicho;
  • Infraestrutura como serviço: Mais e mais provedores de serviço irão surgir, tentando, cada um, ter a sua “fatia” do bolo dos novos serviços. Esses provedores certamente irão precisar de profissionais qualificados e capacitados para manter seus serviços disponíveis. Os consultores com conhecimentos em infra e segurança serão, cada vez mais, assediados por essas empresas. É preciso estar com o conhecimento em dia e alinhado com as novas necessidades e modelos de negócio;
  • Software como serviço: No processo de utilização de softwares “hospedados”, capacitação é um item que merece atenção, pois os usuários, e administradores, passarão por um processo de readequação na forma de trabalho. Consultorias para adoção de nuvem pode ser um excelente negócio, tanto no momento de migração, quanto no suporte ao ambiente em produção.

Conclusão

Existem inúmeras outras possibilidades de negócios envolvendo a nuvem. Diante de tudo isso, o que sobra para os profissionais que cuidam da infraestrutura das corporações? Os tão conhecidos administradores da rede?

Toda novidade traz novas possibilidades. Numa visão mais objetiva, podemos entender que haverá uma aproximação desses profissionais da área de negócios da empresa. O papel deles será fundamental na consultoria e no apoio à implantação da melhor solução de nuvem para o negócio da empresa.

Isso incorrerá em uma quebra de paradigma, visto que o envolvimento do administrador da rede passará a ser direcionado ao andamento do negócio e das opções de otimização do mesmo, ao invés do antigo foco técnico em implementar e manter soluções. É uma forma de trabalhar diferente e precisaremos nos adequar a ela. Como em toda grande mudança, haverá resistência. Ser ágil e procurar a capacitação necessária fará toda a diferença para o futuro de cada profissional.

Links

Artigo: Cloud Computing: Entenda este novo modelo de computação
http://idgnow.uol.com.br/computacao_corporativa/2008/08/13/cloud-computing-entenda-este-novo-modelo-de-computacao/

Artigo: Redes Sociais e Cloud Computing transformarão a área de TI
http://computerworld.uol.com.br/tecnologia/2008/04/09/gartner-multicore-redes-sociais-e-cloud-computing-transformarao-ti/

Artigo: O que é Cloud Computing (computação nas nuvens)?
http://www.infowester.com/cloudcomputing.php