Para início de conversa

Após criar seu primeiro projeto Java no Eclipse, sempre resta a velha lacuna: “E agora, como devo proceder?”. Conforme falei em artigos anteriores, trabalhar com Eclipse é muito simples... E essa simplicidade aumenta consideravelmente quando aprendemos a usar os mais diversos recursos disponibilizados pela ferramenta. Dentre estes, encontram-se atalhos, geradores de código, e funcionalidades específicas da ferramenta em questão.

De fato, é um pouco complicado lidar com essa gama de informação no início. Mas é assim para qualquer coisa nova que venhamos a fazer. Com o Eclipse, o processo é simples: “Fuce” a ferramenta atrás de descobri-la cada vez mais e melhor. Esse é o melhor caminho.

Pós-criação de projeto

Após criar seu projeto, terá de entender primeiro o que ali foi criado pelo próprio Eclipse.

Ok, sei que está acostumado com o fato de lidar apenas com dois tipos de arquivos .java e .class. Isso é bem comum quando aprendemos a usar o Java via linha de comando.

Então analisemos primeiro a Figura 1 que mostra o modelo de criação de um projeto simples “alo-mundo” no Eclipse.

Modelo de projeto alo-mundo no Eclipse
Figura 1. Modelo de projeto "alo-mundo" no Eclipse
  1. Nome do projeto: Raiz principal do mesmo. Na janela “Package Explorer”, disponível na perspectiva “Java” é possível visualizar todos os seus projetos, no momento apenas um: alo-mundo.
  2. Pasta src: Esta é a pasta mais importante de um projeto Java. É nela que estarão presentes todas as classes Java criadas no projeto, assim como, consequentemente, os respectivos pacotes que as contiverem. Aqui também adicionados alguns arquivos de configuração (como o persistence.xml para usuários do framework de persistência ORM JPA), arquivos de propriedades (.properties, usados para salvar mensagens sistêmicas, ou para configurar coisas no Java também), o arquivo META-INF (usado para configurar informações de metadados do seu projeto, geralmente web), dentre outros. Vale ressaltar que é nesta pasta onde você deverá colocar outros tipos de arquivos “extra-java”, como .doc ou .zip e que venham a ser utilizados no projeto para alguma finalidade.
  3. Aqui entra a parte das bibliotecas usadas no teu projeto. Ao criar um projeto Java é necessário, obviamente, que as bibliotecas do JRE (Java Runtime Edition) estejam devidamente referenciadas ao mesmo.
Lembre-se, você está criando um projeto inteiro Java, isso significa que terá de configurar corretamente teu Classpath, para referenciar teu projeto ao próprio Java. Não se trata mais de uma classe Java somente, mas um conjunto delas. Para tanto, o Eclipse te ajuda consideravelmente no quesito “configuração”. Note também que a versão da JRE que está usando é importante. No nosso caso, a 1.6.

Pacotes Java

Os pacotes no Java, como o próprio nome sugere, são estruturas criadas para dividir o código fonte, assim como promover a separação de classes e responsabilidades.

Imagine, por exemplo, que você tenha que desenvolver uma aplicação em Java que suporte inúmeros tipos de funcionalidades, dentre elas, algumas bem comuns: CRUD (Cadastro, Deleção, Pesquisa e Edição). Numa aplicação geralmente temos CRUDs de tudo, Pessoas, Funcionários, Suprimentos, Estoque etc. Para cada um destes necessitamos desenvolver código para suprir as demandas de CRUDs, e, consequentemente, o número de classes na aplicação tende a aumentar com o tempo.

Para tanto, a existência de estruturas que separem as classes de cada CRUD e as coloquem em “locais comuns” de responsabilidades, é essencial para o nível de organização do projeto.

Finalmente, chegamos à conclusão de que os pacotes poderiam ser divididos em:

Pessoa

  • Cadastro
  • Deleção
  • Edição
  • Pesquisa

Funcionário

  • Cadastro
  • Deleção
  • Edição
  • Pesquisa

E assim por diante...

Para criar pacotes em um projeto Java pelo Eclipse, basta seguir os passos:

Botão direito na pasta “src” > New > Package a janela da Figura 2 será exibida. Após colocar o nome do pacote, clique em Finish.

Criando novo pacote no Eclipse
Figura 2. Criando novo pacote no Eclipse

O seu pacote aparecerá em branco, sem nada dentro, isso significa que você ainda não tem nada no mesmo.

Se você repara bem, esse tipo de nomenclatura não é muito comum, mas é ideal para definir a estrutura final de pastas do código fonte do teu projeto. Isso mesmo, estrutura de pastas. Quando você cria um projeto no Eclipse, esse mesmo projeto é salvo no workspace que você definiu no início do uso da IDE. Após isso, o projeto inteiro é definido em pastas e, dentre estas, a principal, a “src” tem subpastas que são os pacotes criados (opcionalmente).

Para verificar, abra o endereço físico do seu projeto pelo “Windows Explorer” e vá até a pasta “src” do mesmo. Entre nela e verifique que para cada palavra utilizada no nome completo do pacote, temos uma pasta e um nível de pasta adentro. Isso significa que o Eclipse organiza seus pacotes em forma de pastas de modo a gerenciar e linkar uma estrutura à outra (Eclipse -> Windows).

Erros comuns

É comum, por exemplo, tentar executar o Eclipse sem a instalação prévia de um Java na sua máquina. É comum também não saber o que usar: JRE ou JDK? E quando decidir, como fazer para mudar de um para outro. Então vejamos o que é melhor.

  • Execução do Eclipse: Antes de criar qualquer projeto no Eclipse, ou até mesmo escrever classes Java, tenha em mente que precisa executar a instalação do Java (JRE ou JDK) primeiro. Existem inúmeros artigos, muitos deles aqui na própria DevMedia, para essa finalidade. A opção por JDK, para mim, deve ser obrigatória para desenvolvedores Java.
  • Mudar de JRE -> JDK e vice-versa: Para mudar a versão do seu Java ou o kit usado, basta seguir os passos: Windows > Preferences > Java > Installed JREs

Você provavelmente verá a tela mostrada na Figura 3, com o jre6 exibido e marcado. Para adicionar uma nova JRE/JDK basta clicar no botão “Add” e informar o caminho da mesma.

JRE/JDK instalados
Figura 3. JRE/JDK instalados

Concluindo

Todo passo dado em uma ferramenta nova, ou em qualquer ramo do aprendizado, especialmente o de tecnologia, é importante ter em mente que todo detalhe é importante. Detalhes fazem diferença na hora de entender um processo maior e mais complexo. Não desconsidere nada quando estiver usando o Eclipse, isso pode te ajudar bastante lá na frente.