De que trata o artigo

Este artigo destaca a importância das pessoas no processo de desenvolvimento de software, um elemento indispensável, mas que por vezes não é tratado da forma adequada pelas organizações na área de Tecnologia da Informação.

Para que serve

A motivação é um dos fatores que mais influenciam a evolução e o desenvolvimento de um indivíduo dentro de uma empresa. Neste artigo analisaremos pontos relacionados no contexto do desenvolvimento de software.

Em que situação o tema é útil

Saber como organizar e motivar uma equipe é de grande importância para o fortalecimento de qualquer empresa. Para estes requisitos, compreender a relação entre as pessoas e as organizações pode ser um grande diferencial.

No intuito de atender às exigências do mercado globalizado, empresas e/ou departamentos de Tecnologia da Informação (TI) buscam otimizar seus processos procurando balancear custo, tempo e qualidade. Para alcançar esses objetivos de forma eficaz e eficiente é preciso que o Gestor de Software entenda os elementos constituintes dos seus processos, os quais são identificados como sendo procedimentos (métodos), tecnologias (ferramentas) e pessoas (capital intelectual).

Por outro lado, em um estudo das principais literaturas da Engenharia de Software e em uma análise da prática profissional, percebe-se a carência de preocupações com o elemento “pessoa” dentro do processo de desenvolvimento de software. Este artigo tem por objetivo incitar uma reflexão sobre a relação entre os indivíduos e as organizações na área de Tecnologia da Informação e também elencar os principais fatores de motivação para profissionais de TI.

Por meio de pesquisa, aplicada a profissionais ligados a 14 organizações de TI na capital goiana, foram expostos fatos que podem estimular ou não a equipe. Ciente da relação entre desempenho e significado do trabalho, a pesquisa propiciou aos profissionais expor o significado atribuído ao trabalho dentro do contexto em que suas vidas se inserem. Verificou-se que a motivação é atribuída à própria vivência do profissional, ou seja, a motivação é intrínseca ao indivíduo. Sendo assim, ao profissional compete o autoconhecimento e a promoção do auto-desenvolvimento; e à organização cabe a tarefa de identificar as motivações dos colaboradores e potencializar seu desempenho através de estímulos pessoais e direcionados.

Procedimentos, tecnologias e pessoas

Ao longo de sua existência, a sociedade foi influenciada pelo modo de produção e tão logo pela era da informação. A união da telecomunicação e da informática abriu um leque de serviços e de possibilidades de negócios que antes não eram possíveis. As fronteiras geográficas foram estreitadas em um universo virtual onde a troca de informação é instantânea. No entanto, estas demandas de negócio se intensificaram no mercado, criando necessidades de atendimento aos clientes no seu próprio tempo. Além de abrir novas oportunidades, abriu as portas para uma escala maior de concorrência que agora não está mais limitada a uma porção geográfica, e sim distribuída pelo mundo.

Tendo em vista este cenário de mudança e de adaptação, as organizações intensificaram as demandas por tecnologia para apoiar decisões estratégicas e atendimento ao seu público alvo. Consequentemente, estimulados por essa crescente demanda, as empresas e/ou departamentos de Tecnologia da Informação passaram a avaliar os fatores que determinam o seu time to market (tempo tomado entre as primeiras ideias de um novo produto/serviço até sua disponibilização para o mercado), no intuito de otimizar seus processos proporcionando menores custos, menores prazos e maior qualidade. No entanto, para alcançar seus propósitos, estas organizações precisam lançar um olhar analítico para suas próprias estruturas, entendendo os elementos que compõem sua cadeia produtiva para que assim possam estimular seus potenciais.

Identificar os processos por meio das relações entre procedimentos (métodos), tecnologias (ferramentas) e pessoas (capital intelectual) é o primeiro passo para otimizar os caminhos e atribuir ganho de produtividade dentro das organizações. A adoção de procedimentos para execução das tarefas torna o trabalho tangível, medível e gerenciável. Pelo meio de métodos, as responsabilidades e as autoridades sobre produtos e/ou atividades ficam claros para a atuação das pessoas sobre os mesmos. A visão do todo e de suas nuances possibilita ações para conter ou mitigar riscos e otimizar gargalos onde há a necessidade de maior esforço ou capital. Por outro lado, existem tecnologias que favorecem o processo automatizando tarefas e fornecendo subsídios de decisão e de serviço para as pessoas envolvidas. Ao Gestor de Software cabe avaliar quais ferramentas realmente apóiam e agregam valor na execução das atividades.

Outro elemento determinante aos processos é o fator humano. Independente de métodos ou de ferramentas no desenvolvimento de software, haverá sempre o envolvimento das pessoas. Por meio delas, elementos de criatividade, de sensibilidade, de comunicação e de decisão são introduzidos no processo tornando os processos singulares o que determina o diferencial de mercado. Porém, para obter o máximo do potencial destas pessoas, o Gestor de Software deve atuar junto a sua equipe estimulando-a, respeitando-a, orientando-a, capacitando-a e desafiando-a. Fazendo isso em um ciclo de investimento e de consumo do capital intelectual à sua disposição.

Em uma apreciação das literaturas de Engenharia de Software de autores como Sommerville, Pressman e Paula Filho, há pouca ou nenhuma citação a cerca do fator humano dentro do processo de desenvolvimento de software. Não há dúvida que tais literaturas descrevem com excelência características de métodos adotados durante o ciclo de desenvolvimento de sistemas computacionais. Estas descrições alimentam a indústria de software, provendo mecanismos de produtividade, de qualidade e de atenuação de riscos.

Porém, não são completas, pois pecam em ignorar os atores desse processo. Mesmo que tais literaturas citem pessoas na figura dos usuários dos sistemas, o que foi um ganho durante as décadas de evolução da engenharia, ainda é necessário voltar os olhos para o capital intelectual existente dentro das equipes. Estes agentes de transformação possuem potencialidades que tornam cada produto de software, um diferencial sobre os requisitos dos clientes. Sendo assim, este artigo justifica-se na intenção de incentivar uma abordagem voltada para pessoas no processo de desenvolvimento de software e orientar gestores de software quanto aos elementos de motivação que impactam na produção dos indivíduos participantes de suas equipes.

O primeiro passo neste artigo foi discutir o papel do profissional de desenvolvimento de software dentro da organização, buscando meios para estimular seu desempenho e evitar conflitos. Em seguida, é realizado um estudo sobre o processo motivacional por meio das várias teorias do comportamento humano, mostrando por fim que a motivação está ligada ao significado do trabalho. Por conseguinte, por meio de pesquisa levantamos fatores de motivação e insatisfação para profissionais lotados em organizações de TI goianas, apresentando por fim uma análise dos dados coletados, a qual aponta pontos de estímulo, de conflito e de significância do trabalho.

Identificando o profissional na organização

Antes de conhecer o sentido da motivação na vida dos membros da equipe, precisamos identificá-los no processo produtivo. E, por meio desta identificação perceberemos o comportamento das organizações para com seus colaboradores. Existem duas perspectivas na observação dessa relação. A primeira é quando notamos as pessoas como recursos, onde se observam habilidades, capacidades, experiências, destrezas e conhecimentos necessários. Na segunda, vemos as pessoas como pessoas, as quais são dotadas de personalidade, individualidade, aspirações, valores, atitudes, motivações e objetivos pessoais. Para cada perspectiva há uma forma de tratamento. Quando observamos recursos, o tratamento é pela média, igual e genérico. Ao notar pessoas, o tratamento é particular e individualizado.

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