Em uma área não regulamentada como a de informática, é interessante traçar alguns pontos que ajudem a selecionar um sistema de informação ou profissional qualificado.

Como dissemos em outro artigo, com o advento dos cursos de Computação e Sistemas de Informação, procurar um profissional formado tende a ser a melhor opção. Existem bons profissionais não formados no mercado, inclusive conhecemos alguns, contudo, são poucos. Infelizmente, temos uma maioria que não honra a profissão em diversos aspectos. Neste sentido, a responsabilidade deve pesar sobre os que estão formados, pois ter conseguido o título ainda é pouco, sendo necessária a efetiva aplicação do conhecimento adquirido. Será que foi adquirido ?

Profissionais formados devem fazer um trabalho diferenciado e mostrar ao mercado que é melhor contratar alguém com diploma, pois fazer sistemas que funcionam é simples, mas fazer sistemas profissionais que produzem informação valiosa requer método, disciplina e conhecimento técnico.

A gestão moderna e competitiva vislumbra a informação e o conhecimento como elementos que embasam o processo de tomada de decisões, orientam ações e mostram antecipadamente como algo deve ser feito. Os Sistemas de Informação (Sis) fazem parte dos protagonistas deste processo, desde que provejam informação essencial à boa condução da empresa e sejam tratados como um produto que necessita de projeto bem elaborado para sua concepção.

Devemos ter cuidado quando nos deparamos com “profissionais” que são capazes de mensurar o valor e o tempo necessário para construção de um sistema, depois de uma conversa de alguns minutos com um cliente. Este tipo de atitude faz os usuários de informática pensarem que a construção de softwares é uma tarefa banal, criando uma visão errada dos verdadeiros valores a serem cobrados por Sistemas de Informação.  Para muitos, o que está sendo contratado é a feitura de uma “telinha” que armazenará os dados mais importantes da aplicação. Em nome da profissão, jamais permitam que um trabalho técnico e sério seja chamado de “telinha”. Se isso for permitido, a partir deste momento, jamais poderá ser cobrado o verdadeiro valor do sistema. Nunca permitam frases tais como: “Você vai fazer uma telinha e resolve”; “Estamos precisando de uma telinha”. A resposta é: “Vamos fazer um plano de projeto e de escopo, informando os recursos e tempo necessários para este importante sistema. Depois disso, após aprovarmos e assinarmos o contrato, iniciaremos os trabalhos”.

Administradores de pequenas e médias empresas são levados a achar que desenvolver softwares com qualidade é simples e que qualquer produto que custe mais de R$ 1.000,00 é caro. Aliás, este é o preço que mais temos escutado em conversas de bares e acertos de desenvolvimento de 10 minutos. Por que R$ 1.000,00 ??? Sabemos, é engraçado, mas não nos perguntem o porquê do valor, pois também gostaríamos de desvendar este mistério do número mágico. Cuidado, em geral softwares mal orçados e mal projetados geram prejuízos incalculáveis.

Existem softwares sendo comercializados no mercado que, se forem submetidos a uma medição detalhada de custo e esforço, poderão mostrar aos seus idealizadores que os mesmos estão pagando para trabalhar. Projetar um SI e mensurar o seu valor são tarefas que exigem um levantamento detalhado de requisitos e de infraestrutura necessária.

Toda esta questão causa uma reação em cadeia no mercado, ou seja, o profissional, para sobreviver, tem que possuir dezenas ou centenas de clientes que pagam pouco, mas estão sempre insatisfeitos. Se o software não foi bem concebido, a demanda por manutenções e atendimentos será enorme, gerando atraso e mau atendimento. Deixaremos duas questões no ar: Não seria melhor pagar mais por um software com qualidade ? Não seria melhor ter um bom produto, eficaz e de fácil manutenção, satisfazendo meus clientes ?

O verdadeiro profissional de informática, aquele que dedica anos de estudo para produzir um software com qualidade, fica denegrido e é visto nebulosamente como um dos integrantes deste mercado cheio de mazelas. E, por favor, lembremos que para o cliente pouco importa o paradigma ou linguagem de programação utilizada por trás das telas. O cliente precisa do produto funcionando e dos seus pedidos inevitáveis de manutenção sendo atendidos em tempo hábil. Em outras palavras, para o sucesso do nosso marketing de relacionamento, a melhor linguagem é a que o cliente quer ouvir e o melhor paradigma de programação não é o orientado a aspectos ou a objetos, é a Programação Orientada à Satisfação do Cliente

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Mas como identificar este profissional e um bom produto ? Enumeraremos a seguir algumas características que ajudam a identificar profissionalismo.

Bons profissionais:

  • Disponibilizam seus sistemas, sem custo, para que os mesmos sejam testados e avaliados antes da compra;
  • Dividem projetos em fases, apresentam cronograma das mesmas e deixam o cliente livre para escolher quem contratar nas diversas fases (Quando um sistema é bem projetado, a documentação pode ser feita por uma empresa e a implementação por outra. É como se uma empresa desenhasse a planta e outra construísse o prédio.);
  • Tomam cuidado em averiguar todos os requisitos e infraestrutura necessária, sem subestimar a complexidade de desenvolvimento de um projeto;
  • Não usam uma linguagem puramente técnica para confundir os clientes, criando uma visão mística da área de informática;
  • Atendem clientes sob contratos e cumprem os mesmos;
  • Conhecem muito bem o negócio que o sistema abrange;
  • Não são fanboys de uma marca, pois sugerem tecnologias diferentes para diferentes problemas;
  • Consideram que o importante é a melhor solução para o cliente, mesmo que tenha que compor sua solução com a de um concorrente;
  • Mostram aos clientes os benefícios gerados pelos sistemas;
  • Em suma, são profissionais.

Já a qualidade de um sistema pode ser mensurada considerando a eficácia e a eficiência obtidas:

  • Eficácia = Resultados Obtidos / Resultados Pretendidos
  • Eficiência = Resultados Obtidos / Recurso Consumido

Bons sistemas:

  • Contribuem para os objetivos da empresa;
  • Atendem às necessidades dos usuários;
  • São confiáveis;
  • São eficientes;
  • Não têm manutenção constante, difícil e onerosa;
  • Produzem informações realmente necessárias, confiáveis, em tempo hábil e custo condizente;
  • Possuem diretrizes que assegurem a realização dos objetivos, de maneira direta, simples e eficiente;
  • São integrados à estrutura da organização;
  • Têm um fluxo de procedimentos racional, integrado, rápido e de menor custo possível;
  • Possuem dispositivos de controle interno que garantam a confiabilidade das informações de saída e adequada proteção aos dados controlados pelo sistema (Impedir o acesso de pessoas não autorizadas e conceder acesso a certas funcionalidades apenas a algumas pessoas);
  • Possuem um manual on-line para ajudar a tirar duvidas de sua operação. O manual, quando acionado, elucida a funcionalidade que está sendo usada no momento;
  • Não exigem que o usuário grave algum erro gerado, pois documentam os mesmos automaticamente e disponibilizam opção de envio desta documentação para os responsáveis;
  • Identificam quem comandou funções críticas do sistema que envolvam aspectos legais e/ou dinheiro;
  • Em alguns casos, devem dar opção de implantação em plataformas livres (sem custo de licença);
  • São simples, seguros e rápidos em suas operações;
  • Geram informações gerenciais que ajudam à tomada de decisão.

Não é uma tarefa simples, mas é possível encontrar este tipo de profissionalismo no mercado. Concentre-se nesta busca !

Abraços e até o próximo artigo,

Methanias Colaço Júnior