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Open Source da Microsoft

por Mauro Sant’Anna

A minha opinião sobre Open Source é bem conhecida através de vários artigos, tendo sido o último publicado no site Linha de Código (http://www.linhadecodigo.com.br/colunas.asp?id_colunista=4). Em resumo: eu não acredito no modelo baseado em programadores “voluntários” trabalhando quando quiserem, fazendo o que bem entenderem e gerenciados de forma superficial. Eu acredito em programadores profissionais, pagos e gerenciados, vendendo o fruto do próprio trabalho através de algum tipo de licenciamento. Sendo assim, volta e meia eu sou abordado por supostos Defensores do Open Source (SDOS, para resumir) que procuram “me converter para a Nobre Causa”. Normalmente a conversa corre da seguinte forma:

SDOS: ---Eu gosto de pegar rotinas “Open Source” na Internet e integrar aos meus programas sem pagar nada a ninguém, ao invés de comprar software dos outros. O que você tem contra isso?

EU: ---Nada, eu também faço isso, desde que a licença não seja “GPL”. Por falar em licença GPL, você naturalmente inclui os fontes completos do software que você desenvolveu junto com o executável que você vende, certo?

SDOS: ---Você tá louco? Aí ninguém mais ia comprar o meu software e eu morreria de fome.

OU seja: o SDOS não só pratica a “funesta” prática do software comercial, como também VIOLA – possivelmente sem saber - os termos da licença GPL ao “fechar” software originalmente desenvolvido com esta licença.

 

No fundo, no fundo, ninguém (pelo menos no Brasil) está interessado em trabalhar de graça para o “Bem da Humanidade” (ou da IBM, sei lá). Às vezes encontro algum gringo rico (incluindo um ex-funcionário da Microsoft, dono de gordas opções) que quer “devolver para a sociedade o bem que dela recebeu”, mas são casos isolados. Talvez isso seja até uma “doença de ricos”, que não têm que lutar pelo dia-a-dia como nós latino-americanos. Por aqui todo mundo quer mesmo ganhar uns trocados licenciando o software que desenvolveu. Se algumas rotinas puderem ser obtidas gratuitamente, melhor ainda. Pois bem, se isso é Open Source, então eu também sou pelo Open Source!

O que acabei descobrindo é que não tenho essencialmente uma “diferença de opinião” com a maioria dos defensores de Open Source que encontrei. Existe apenas uma diferença de “semântica”: para mim, Open Source significa seguir alguma licença como a GPL, na qual a distribuição do fonte é obrigatória (veja http://en.wikipedia.org/wiki/Open_source). Este tipo de licença foi bastante divulgada pelo “papa” do Open Source, o Sr. Ruchard Stallman. A minha impressão, no entanto, é que para a maior parte dos desenvolvedores brasileiros, Open Source significa simplesmente obter alguma coisa de graça. Sob esta ótica, devo parecer para esse pessoal um completo lunático, alguém que defende pagar por algo que pode ser obtido gratuitamente. Isto até “justificaria” a pecha de “lacaio da Microsoft” que tantas vezes recebi.

Se o objetivo é obter rotinas com fontes gratuitamente, posso até dar algumas recomendações: http://sourceforge.net (para vários sistema operacionais), http://www.codeproject.com/ (exclusivo .NET) e http://www.gotdotnet.com/. Se alguém quiser examinar fontes de implementações .NET para várias plataformas, sugiro dar uma olhada na “Shared Source Implementation” em http://msdn.microsoft.com/library/default.asp?url=/library/en-us/dndotnet/html/mssharsourcecli2.asp ou então no projeto Mono (http://www.mono-project.com).

Observe que alguns destes sites são da própria Microsoft! Ou seja: ou a Microsoft está disponibilizando uma quantidade enorme de fontes para benefício dos programadores. Isto para muita gente é o mesmo que “Open Source” da Microsoft!

Aproveito para lembrar aos desenvolvedores que, ao incluir um trecho de fonte de um software distribuído com licença GPL – a principal licença Open Source “pura” disponível - você está se obrigando a divulgar TODO O SEU FONTE, inclusive as partes desenvolvidas originalmente por você. Você pode até achar que incluir “só um pouquinho” de software GPL no seu fonte “não fará nenhum mal”, mas isso pode te prejudicar bastante no futuro. Por exemplo, se você decidir vender os direitos do seu software para alguém, eles podem usar esta desculpa para não te pagar. Ou mesmo ser vítima de uma eventual “polícia do Richard Stallman”, apoiada por algum promotor excessivamente zeloso.