Governança e qualidade de dados: Uma visão estratégica

 

Atualmente com o modelo de governança corporativa, aspectos vitais para a pratica de boa governança tais como a segurança, tanto física quanto lógica, da informação raramente são considerados. E uma das principais premissas de qualquer organização do setor privado é: “Criar valor para o acionista”. Se observarmos a governança apenas por esta fria óptica, já fica claro que existe um imenso contra-senso na abordagem que vem sendo utilizada por alguns de seus executivos.

Alguns dos principais indicadores que posicionam o valor da empresa quando em processo de valoração, são a capacidade desta organização em proteger sua informação e a qualidade destas informações. Significa que empresas da nova economia, e empresas da velha economia que estão buscando a modernização, tem seu maior valor concentrado nos ativos intangíveis, como marca, percepção de mercado e conhecimento.

Analisando este cenário, fica claro que os ativos de valor para a empresa se desdobram sob o prisma da informação. O que conta hoje não é mais o patrimônio imobilizado, mas principalmente a capacidade que ela tem de gerar retorno sobre o investimento em uma perspectiva de dois ou cinco anos, em conseqüência dos seus diferenciais.  E os principais diferenciais, que agregam valor para uma organização, são personificados em: bases de dados, cadastros, planejamento estratégico, fórmulas, projetos. etc... Ou seja, informação pura e simples.

Se analisarmos o cenário empresarial apresentado nos últimos cinco anos fica evidenciado que algumas organizações que surgiram no início deste novo século já valem muito mais do que outras já centenárias. Isto por que existe um movimento forte para a informatização e processos digitalizados que nas organizações mais novas já nascem junto com a empresa; frente a isso, ou as organizações mais antigas modernizam a forma de pensar e conduzir a gestão do negócio, ou terão que sair do jogo. Na estrada rumo ao desenvolvimento e a modernização, informatização é palavra chave.

Então, como podemos seguir um bom modelo de governança, considerando a segurança da informação como uma das principais regras deste jogo? Uma boa pratica seria as organizações brasileiras seguirem o exemplo já adotado com sucesso por muitas organizações americanas e grande parte das organizações européias que começaram a olhar com mais seriedade para as questões dos riscos relacionados à tecnologia da informação e a tratar estes riscos com planos de continência eficazes. O que muitos executivos ainda não se deram conta, é que a responsabilidade final caso ocorra algum incidente relacionado ao vazamento de informação, ataque de um hacker, perda de dados, inconsistência de dados, pouca qualidade dos dados armazenados, entre outros, será sempre da alta administração.


O impacto de qualquer um dos incidentes citados refletirá no potencial competitivo da organização, minimizando sua vantagem competitiva e em alguns casos trazendo sérias conseqüências financeiras e administrativas, como quebra de contratos, multas e até mesmo degradação da imagem.

Para que haja realmente uma governança eficaz, a alta administração da organização deverá sempre ter em mente questões como:

         • A existência de uma política de segurança da informação dando o direcionamento das ações para o manuseio dos dados no ambiente corporativo e também por parceiros de negócio;
           Análise dos riscos relacionados a informação, para poder tomar decisões em relação a implementação de controles;

• O acompanhamento dos incidentes expressivos no ambiente organizacional;

• A garantia da privacidade da informação de clientes e parceiros;

• A segurança da informação deve fazer parte das tomadas de decisão das empresas.

Devemos ainda levar seriamente em consideração a formação de um fórum de segurança e qualidade. Este fórum já é uma realidade nas grandes organizações e geralmente é composto por membros da alta administração, pela área de administração de dados e pelo security officer (pessoa responsável pelas questões táticas da segurança na empresa), visando proteger os ativos de informação, tanto de ataques e perdas quanto na manutenção da qualidade destas informações. Este processo não é simples e traz consigo uma mudança na cultura administrativa, mas é tão importante, que deve ser tratado como ponto chave na estratégia de uma empresa que pretende continuar posicionada no mercado pelos próximos cinco anos.